Tarifas dos EUA podem impulsionar compras da China ao Brasil, afirma analista sobre a guerra comercial entre Pequim e Washington

As recentes tensões comerciais entre Estados Unidos e China têm gerado um cenário de incertezas que pode impactar significativamente as dinâmicas de mercado global. O ex-ministro da Economia da China, Wang Huiyao, destacou que, mesmo diante da escalada de tarifas impostas por Washington, Pequim ainda busca manter canais de diálogo abertos com os EUA. Wang, que também é presidente de um influente think tank, o Centro para China e Globalização (CCG), salienta que a atitude retórica de Donald Trump — a quem atribui a responsabilidade pelas medidas protecionistas — indica uma tentativa de forçar uma negociação que, até o momento, não aconteceu.

Wang prevê que, em um contexto onde a China se vê pressionada por tarifas adicionais, uma das estratégias para mitigar os efeitos negativos seria aumentar suas compras do Brasil e de outros países da América Latina. Essa mudança poderia ser interpretada como uma maneira de diversificar sua cadeia de suprimentos e reduzir a dependência do comércio com os Estados Unidos. O analista argumenta que as tarifas elevadas incitam os países a buscarem opções comerciais mais próximas entre si, criando uma nova ordem de comércio na qual o Brasil se posicionaria como um fornecedor estratégico para o gigante asiático.

Nos últimos dias, Trump anunciou uma nova rodada de tarifas sobre produtos chineses, elevando a carga tributária em 10% sobre uma ampla gama de mercadorias. Essa ação foi prontamente seguida por Pequim, que se comprometeu a implementar contramedidas, abrangendo desde taxações sobre carvão e gás até um aumento no controle de exportações de metais raros. Wang ressaltou que o cenário atual não apenas acirra a competição entre as duas nações, mas também pode levar a uma redefinição das relações comerciais globais, positivamente afetando os exportadores latino-americanos.

Dessa forma, o Brasil, com suas vastas reservas e capacidade produtiva, pode emergir como um parceiro chave para a China em meio a um cenário de crescente protecionismo. O futuro das relações comerciais entre Pequim e Washington continua indefinido, porém, as implicações para o Brasil e sua economia podem ser de grande importância, já que o país busca maneiras de fortalecer suas trocas comerciais globalmente.

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