Tarifas de Trump abalam diplomacia brasileira e revelam fragilidade nas relações comerciais entre Brasil e EUA, aponta análise especializada.

Na última sexta-feira, 14 de março de 2025, Brasília se tornou o cenário de uma reunião crucial entre representantes dos governos do Brasil e dos Estados Unidos. O objetivo foi discutir as severas tarifas de 25% impostas pela administração de Donald Trump sobre as exportações brasileiras de aço e alumínio. No entanto, o evento, de caráter técnico, não contou com a presença de figuras proeminentes do governo brasileiro, como o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, que se encontrava em compromissos na África.

O Itamaraty manifestou preocupação em relação às tarifas, que podem impactar negativamente as exportações brasileiras, estimadas em cerca de US$ 3,2 bilhões. A imposição das tarifas vem em um contexto onde os Estados Unidos mantêm um superávit de cerca de US$ 7 bilhões nas relações comerciais com o Brasil. Mesmo diante desse cenário, as tarifas podem reduzir significativamente o volume de comércio entre as duas nações, afetando diretamente a economia brasileira.

A situação é ainda mais complexa, pois a reunião futura será conduzida por autoridades de segundo escalão, refletindo uma falta de diálogo entre os governos. O senador Marco Rubio, um influente representante do comércio dos EUA, já estabeleceu contato com ministros de dezenas de países, mas ainda não se reuniu com os líderes brasileiros. Essa ausência de interação direta tem sido vista como um sinal de que o Brasil está sendo considerado um ator secundário nas negociações internacionais.

Analistas em relações internacionais têm se manifestado sobre a dificuldade do Brasil em retaliar as tarifas, destacando a dependência do país de insumos industriais dos Estados Unidos e a fragilidade de sua influência no cenário mundial. A incapacidade de resposta é emblemática de um período de declínio na política externa brasileira, marcada por cortes de investimento e uma falta de estratégia coerente.

O Brasil já sinalizou sua intenção de levar o caso à Organização Mundial do Comércio (OMC), mas especialistas apontam que essa estratégia pode ser ineficaz, dado que o país enfrenta desafios significativos em termos de poder de pressão e credibilidade nas esferas internacionais. A falta de uma abordagem diplomática assertiva e a ausência de recursos materiais para promover seus interesses têm levado muitos a questionar a capacidade do Brasil de operar uma política externa “altiva e ativa”.

No entanto, alguns especialistas sugerem que ainda há espaço para o Brasil recuperar parte de sua influência. A cooperação com outros países latino-americanos poderia fortalecer a posição do Brasil em resposta às pressões norte-americanas. Temas como segurança hemisférica e a exploração de recursos energéticos são áreas que poderiam potencialmente aproximar Brasil e Estados Unidos, desde que as interações não sejam comprometidas por uma abordagem intervencionista por parte dos EUA.

Diante das circunstâncias atuais, é evidente que o relacionamento entre Brasil e Estados Unidos sob a liderança de Lula e Trump está em uma encruzilhada, navegando por um caminho de incertezas, mas que ainda pode ser moldado por uma diplomacia estratégica e pragmática.

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