Tarifa de Café: Brasil Enfrenta Dilema Pós-Decreto Americano e Busca Melhorias em Negociações Comerciais

Após as recentes decisões do governo dos Estados Unidos, o clima de apreensão se intensificou entre os setores econômicos brasileiros, especialmente na cafeicultura. O vice-presidente e ministro de Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, destacou que, apesar das reduções nas tarifas retratadas no decreto divulgado, ainda há distorções que precisam ser corrigidas. Os dados apontam que, enquanto outros países, como o Vietnã, viram suas taxas serem eliminadas, o Brasil manteve uma sobretaxa adicional de 40% sobre os bens exportados, que estava em vigor desde agosto.

O vice-presidente comentou sobre a situação em Brasília, descrevendo as reduções como “positivas”, porém ressaltou que as negociações com os Estados Unidos não chegaram ao fim. Ele fez uma comparação alarmante: enquanto o Brasil enfrentou uma taxa de 50%, que foi reduzida apenas para 40%, o Vietnã eliminou sua taxa de 20% para zero. A disparidade levanta preocupações sobre a competitividade do café brasileiro.

A medida americana que eliminou as chamadas “tarifas recíprocas” sobre produtos agrícolas, como carne bovina e café, visa amenizar os preços ao consumidor americano, em um cenário onde a inflação dos preços de produtos como café e carne tem preocupado a população. Nos últimos doze meses, os preços do café torrado e da carne bovina registraram altas significativas, de 18,9% e 14,7%, respectivamente, impactando diretamente na economia doméstica.

Consequentemente, a reação dos setores brasileiros que dependem dos EUA como mercado exportador foi cautelosa. Inicialmente, os exportadores demonstraram incertezas quanto à extensão das reduções. Porém, logo constataram que a alíquota de 40% permaneceria, o que comprometeria as exportações de café especial do Brasil.

Os agricultores de café têm expressado preocupação, afirmando que a situação se tornou ainda mais desfavorável após a alteração na tarifa. Os exportadores brasileiros, como Marcos Matos, diretor do Conselho dos Exportadores de Café, afirmaram que, ao permanecerem com taxas elevadas enquanto concorrentes de outros países eliminam as tarifas, os produtores brasileiros enfrentam um dilema de competitividade. A pressão aumenta para que o governo brasileiro intensifique negociações com os Estados Unidos, com o intuito de buscar isenções em produtos essenciais, incluindo o café.

A Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA) também manifestou sua preocupação, pontuando que a manutenção da alíquota de 40% agrava as distorções no comércio e tendem a afetar ainda mais as exportações de cafés especiais aos EUA, que já mostram quedas significativas em relação ao ano anterior.

Com aproximadamente 16% do total de exportações de café brasileiro destinadas ao mercado americano, e sendo o Brasil o maior exportador mundial do grão, esse cenário é crítico. A Confederação Nacional da Indústria (CNI) reiterou a urgência das negociações entre Brasília e Washington, evidenciando a necessidade de remover todas as barreiras comerciais adicionais que possam prejudicar a competitividade dos produtos brasileiros. A situação demandará uma postura proativa do governo brasileiro nas tratativas comerciais, um fator que poderá determinar o futuro das exportações em um mercado cada vez mais competitivo.

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