A operação, que inicialmente visava capturar o autor do homicídio, foi marcada por uma série de denúncias de execuções extrajudiciais e tortura supostamente cometidas por policiais militares. Kaique Coutinho, conhecido como Chip, foi localizado dias depois do crime em Uberlândia, interior de Minas Gerais. Contudo, mesmo com sua prisão, a violência parece ter se intensificado. Nos dois meses seguintes, a polícia registrou um número alarmante de 56 mortes na região, incluindo tragédias como o falecimento de um homem cego, um deficiente físico e uma mãe de seis filhos que foi vítima de um disparo acidental.
Em sua condenação, o Tribunal do Júri ouviu não apenas Kaique, mas também três testemunhas de acusação: os policiais militares Ederson Luiz da Costa e Ricardo Silva Mombelli, que estavam na patrulha com o soldado Cosmo, e o delegado Thiago Bonametti, que liderou a investigação. O uso de uma câmera corporal pelo soldado Cosmo foi crucial para a identificação do suspeito, registrando o momento em que Chip, armado, disparou contra ele enquanto atravessava as vielas da comunidade Mangue Seco, em Santos.
Entretanto, a situação na Baixada Santista permanece tensa. Apesar das alegações de execuções por parte da Polícia Militar durante a Operação Verão, o Ministério Público de São Paulo optou por arquivar inquéritos que investigavam as ações dos policiais envolvidos. Durante o processo, a promotoria ouviu 92 pessoas, revisou 330 filmagens e realizou 167 interrogatórios, resultando em sete denúncias contra 13 policiais. Contudo, essa decisão de arquivamento foi ratificada pela Justiça, gerando preocupações sobre a impunidade e os métodos da força policial na região. A combinação destes fatores alimenta um ciclo de desconfiança e medo entre a população local, à medida que a luta por justiça e accountability se intensifica.