Durante sua fundamentação, Moraes destacou que as evidências apresentadas no processo demonstram que os membros da organização desempenharam um papel crucial nas tentativas de golpe, disseminando informações falsas e atacando instituições democráticas. Em particular, ele mencionou Carlos Cesar Moretzsohn Rocha, presidente do Instituto Voto Legal, que foi condenado apenas por parte das acusações. Este caso envolveu a organização criminosa e a tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito.
Segundo o ministro, a operação do grupo se inseria em um fenômeno maior, que ele chamou de “novo populismo digital extremista”. Moraes esclareceu que a utilização das redes sociais e de aplicativos de mensagens foram estratégias fundamentais para propagar discursos de ódio e minar as instituições democráticas, caracterizando ações como crimes, e não como simples exercício da liberdade de expressão, como alguns dos réus tentaram justificar.
Além disso, o ministro revelou que a organização criminosa se utilizou de estruturas estatais, como o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) e a Agência Brasileira de Inteligência (ABIN), para alimentar milícias digitais com informações falsas. Essa ligação com órgãos do Estado evidencia o caráter organizado e político da tentativa golpista, com o objetivo de gerar um ambiente de instabilidade necessário para deslegitimar as instituições.
Moraes enfatizou que as provas e a comunicação entre os diversos núcleos da organização demonstram a articulação desse plano de golpe, que incluía reuniões para orquestrar a desinformação e a pressão sobre lideranças militares. Ele indicou que o grupo planejava estabelecer um “gabinete de crise” após uma hipotética derrubada do governo democraticamente eleito.
O ministro concluiu que as ações dos réus não apenas buscavam desestabilizar o Estado democrático de direito, mas que estavam interligadas em uma tentativa coordenada de minar a legitimidade do processo eleitoral no Brasil. O julgamento segue com os votos dos demais ministros da Primeira Turma, e a condenação dos réus ocorrerá caso ao menos três deles se posicionem a favor da acusação.