Atualmente, cerca de um milhão de pessoas já perdem a vida anualmente devido a infecções resistentes, e esse número deve crescer conforme as cepas bacterianas se adaptam à presença de antibióticos. A ex-diretora médica do Reino Unido, Dame Sally Davies, enfatiza o aumento alarmante da mortalidade, especialmente entre os idosos, com uma elevação de 80% nos índices desde 1990 para pessoas acima de 70 anos. Por outro lado, entre crianças menores de cinco anos, a situação apresenta sinais de melhoria, com uma redução na resistência aos antimicrobianos.
O fenômeno das chamadas “superbactérias” tem origens complexas. No setor pecuário, a utilização exacerbada de antibióticos para promover crescimento animal contribui significativamente para o problema, aumentando a imunidade das bactérias aos medicamentos. Além disso, o uso inadequado de antibióticos na medicina, combinado com a falta de adesão dos pacientes a seus tratamentos, agrava a situação. A rápida multiplicação das bactérias, que ocorre em apenas 20 minutos, e sua capacidade de mutação, permitem que novas cepas resistentes surjam e se espalhem entre diferentes bactérias.
Quanto ao desenvolvimento de novos antibióticos, observou-se que as indústrias farmacêuticas enfrentam desafios significativos, já que frequentemente não encontram incentivos econômicos adequados para investir em pesquisas nessa área. É imprescindível que essa questão seja tratada com seriedade e urgência, dado que os problemas são complexos, mas não intransponíveis. O alerta é claro: a luta contra as superbactérias deve ser uma prioridade nas políticas de saúde pública em todo o mundo.