STF inicia julgamento dos acusados do ato golpista de 8 de janeiro em sessão histórica oito meses após invasão.



Nesta quarta-feira, o Supremo Tribunal Federal (STF) inicia um novo capítulo no caso dos envolvidos nos atos de 8 de janeiro, que resultaram na invasão das sedes dos três Poderes. Nesta leva inaugural de julgamentos, quatro réus serão analisados pelos ministros, todos eles enquadrados pela Procuradoria-Geral da República (PGR) como “executores” da ação golpista.

Oito meses e cinco dias após os eventos, a sessão marca o início das condenações dos envolvidos. Os réus que serão julgados hoje são Aécio Lúcio Costa Pereira, Thiago de Assis Mathar, Moacir José dos Santos e Matheus Lima de Carvalho Lázaro. Eles são acusados de atuar na depredação de prédios públicos e respondem por associação criminosa armada, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado pela violência e grave ameaça, com uso de substância inflamável. Até o momento, apenas Santos está em liberdade.

O primeiro réu a ser julgado, Pereira, foi flagrado dentro do Congresso usando uma camisa com a frase “intervenção militar já”. Além disso, na época, ele postou um vídeo sentado na Mesa Diretora do Senado, declarando: “Vai dar certo, não vamos desanimar”.

Mathar e Santos foram presos em flagrante pela Polícia Militar no Palácio do Planalto, enquanto Lázaro foi detido ao sair do Congresso com um canivete. A PGR pediu a condenação dos réus a penas de até 30 anos, além de punições “exemplares”. A expectativa é que o STF aplique sanções rigorosas e envie recados contundentes durante o julgamento. Porém, as defesas dos réus alegam inocência e argumentam que eles participavam de manifestações pacíficas que foram infiltradas por outros indivíduos. Além disso, afirmam que a Procuradoria não individualizou as condutas dos acusados.

Para embasar as acusações, a Polícia Federal realizou um trabalho minucioso. Os peritos reuniram mais de 200 câmeras de prédios públicos, que gravaram imagens entre meio-dia e 19h do dia dos acontecimentos. Além disso, também foram incluídos vídeos feitos por celulares e recebidos através do canal de denúncias criado pelo Ministério da Justiça.

Uma parte da equipe de 27 profissionais se dedicou à comparação facial, buscando identificar os invasores flagrados pelas câmeras. Outro grupo analisou todo o conteúdo gravado, descrevendo as cenas ocorridas no Palácio do Planalto, Congresso e STF.

Ao todo, foram processadas 2,5 milhões de imagens faciais extraídas dos vídeos examinados. Essa quantidade é maior do que o número de envolvidos, pois um indivíduo pode gerar mais de uma imagem. As imagens foram sincronizadas e organizadas em um quadro sequencial através de um software.

Os peritos também foram às penitenciárias para fotografar os presos, capturando imagens em seis ângulos diferentes. Essas fotos foram comparadas com as posições em que os rostos dos réus foram gravados. Para realizar essa análise, os profissionais utilizaram uma ferramenta de inteligência artificial.

Com todas as provas reunidas, o STF agora tem em mãos as informações necessárias para iniciar os julgamentos e, assim, dar início às condenações dos envolvidos nos atos de 8 de janeiro.

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