Diante desse cenário, especialistas apontam a necessidade de soluções sustentáveis e eficazes para lidar com as inundações na cidade. Segundo o engenheiro Jaime Cabral, as características geomorfológicas do Recife, aliadas à impermeabilização intensa do solo, tornam a região propensa a desastres naturais, como deslizamentos e alagamentos.
Dentre as alternativas sugeridas, destacam-se as chamadas jardins filtrantes, que consistem em canteiros de materiais permeáveis e vegetação para absorver e purificar a água da chuva, reduzindo a sobrecarga do sistema de drenagem. Além disso, a renaturalização das margens dos rios e canais, o uso de sensores inteligentes em comportas de canais, a infraestrutura permeável e os telhados verdes são outras medidas apontadas como eficazes para enfrentar as inundações.
No entanto, a efetivação dessas soluções esbarra na necessidade de um olhar sistêmico para a cidade como um todo, de acordo com avaliação do presidente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo de Pernambuco, Roberto Salomão. Ele ressalta a importância de uma mudança cultural e de investimentos concretos para tornar todas essas medidas viáveis e efetivas no combate aos problemas de drenagem.
Por sua vez, a prefeitura do Recife informou que tem investido em obras de infraestrutura para reduzir os pontos de alagamento, melhorar a macrodrenagem e promover a segurança das encostas. No entanto, ainda há muito a ser feito para que a cidade esteja efetivamente preparada para lidar com as chuvas intensas e evitar tragédias como as ocorridas recentemente. A conclusão é que, sem um plano integrado e amplo, as soluções pontuais não serão suficientes para proteger a população recifense dos transtornos causados pelas enchentes.