Sobrevivente do Holocausto, engenheiro de 89 anos relembra sua infância marcada pela violência e homenageia vítimas em evento em São Paulo.

Em um ato de homenagem realizado no último dia 9 de novembro em São Paulo, o engenheiro aposentado Stefan Lippmann, de 89 anos, compartilhou sua dolorosa história de sobrevivência ao Holocausto. Judeu alemão, Lippmann tinha apenas três anos quando, em um dia fatídico, sua casa foi invadida por soldados nazistas, dando início a uma série de eventos trágicos que moldariam sua infância e sua vida.

Este evento significativo ocorreu durante a 56ª Convenção Anual da Confederação Israelita do Brasil (Conib), que relembra a Noite dos Cristais — um ataque antissemita brutal que, em 1938, assinalou o início da perseguição abierta aos judeus na Alemanha. Junto a outros sobreviventes, Lippmann acendeu um chanukiá em memória das atrocidades cometidas. O ato contou com a presença de representantes religiosos, líderes da comunidade judaica e figuras políticas, como os governadores Cláudio Castro, Tarcísio de Freitas, Ronaldo Caiado e Eduardo Leite.

Durante a cerimônia, Lippmann enfatizou a importância da memória, afirmando que nunca se pode esquecer os horrores do passado para que eles não se repitam. Reverberando essa mensagem, Lippmann recordou a separação angustiante de seu pai, que foi preso na França e posteriormente enviado ao campo de concentração de Auschwitz, onde perdeu a vida. Ele lembrou o momento em que sua família, em um ato de desespero, escapou da Alemanha, buscando abrigo em um convento na Bélgica, onde sua mãe trabalhou como empregada doméstica. Lippmann ficou sob os cuidados da resistência belga, que resgatou várias crianças judias da perseguição nazista.

Após o término da guerra, ele e sua mãe foram finalmente reunidos, com o auxílio de instituições judaicas que buscavam reconstituir as famílias separadas durante o conflito. A jornada da sobrevivência do pequeno Lippmann não terminou ali; após tentativas frustradas de imigração para os Estados Unidos, ele e sua mãe chegaram ao Brasil, onde foram acolhidos por familiares. A trajetória de Lippmann não é apenas uma narrativa de sobrevivência, mas também de resiliência. Ele finalmente se estabeleceu na área da engenharia, enfrentando diversas dificuldades ao longo do caminho.

O Holocausto deixou um legado de dor, com estimativas indicando que mais de 1,5 milhão de crianças judias foram exterminadas. Lippmann, como uma das poucas exceções, continua a inspirar com sua história, lembrando a todos da importância da preservação da memória e da luta contra todas as formas de preconceito e intolerância.