Sobrevivente de naufrágio na 2ª Guerra Mundial, alagoana relembra tragédia e alerta: “A humanidade nada aprendeu” sobre os horrores da guerra.

No coração do bairro da Jatiúca, em Maceió, reside Walderez Moura Cavalcante, uma aposentada de 86 anos que, aos olhos de muitos, vive uma rotina tranquila, marcada por fisioterapia e sessões de terapia ocupacional. No entanto, por trás de sua aparência frágil e de uma voz trêmula, esconde-se uma história de sobrevivência que remonta ao caos da Segunda Guerra Mundial, um dos períodos mais sombrios da história da humanidade.

Walderez é uma das sobreviventes do naufrágio do navio Itagiba, atacado por um submarino alemão em 17 de agosto de 1942, na costa da Bahia. Com apenas 3 anos e 9 meses na época, ela estava acompanhada de seu pai, Octávio de Barros Cavalcante, um marinheiro que, apesar de ferido, conseguiu sobreviver. O ataque resultou em mais de 60 mortes e foi um dos fatores que levaram o Brasil a entrar na guerra, ao lado dos Estados Unidos.

Após o bombardeio, a pequena Walderez foi encontrada flutuando dentro de uma caixa de madeira de leite condensado. O momento do resgate foi marcado pela desesperança: muitos acreditavam que não haveria mais sobreviventes. Após ser resgatada, Walderez foi levada à casa do prefeito de Valença, onde sofreu um acidente que resultou na fratura do braço. O reencontro com seu pai aconteceu posteriormente em um hospital, após um breve período de incerteza.

Em uma recente visita à sua residência, Walderez compartilhou suas lembranças e os impactos desse episódio em sua vida. Ao longo de mais de 80 anos, ela guardou os traumas e a dor da tragédia, que ainda a acompanham. Agora, com a reflexão sobre conflitos contemporâneos, ela observa que a humanidade parece não ter aprendido com a sua própria história. “Vivemos uma repetição do passado, sempre em busca de paz em meio a gritos de guerra”, afirma, destacando sua experiência e a conexão emocional que ainda tem com o mar, que sempre foi uma parte significativa de sua vida.

Walderez, que durante a maior parte de sua vida se manteve em silêncio sobre sua experiência, encontrou coragem para falar sobre sua história apenas há cerca de 14 anos. Sua trajetória não é apenas pessoal, mas representa um importante capítulo da história brasileira durante a guerra. Hoje, ela observa como sua narrativa se entrelaça com a memória coletiva do país, reconhecendo a relevância de seu relato para as gerações futuras. A história da sobrevivente é um poderoso lembrete dos horrores da guerra e da resiliência do espírito humano diante da adversidade.

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