Walderez é uma das sobreviventes do naufrágio do navio Itagiba, atacado por um submarino alemão em 17 de agosto de 1942, na costa da Bahia. Com apenas 3 anos e 9 meses na época, ela estava acompanhada de seu pai, Octávio de Barros Cavalcante, um marinheiro que, apesar de ferido, conseguiu sobreviver. O ataque resultou em mais de 60 mortes e foi um dos fatores que levaram o Brasil a entrar na guerra, ao lado dos Estados Unidos.
Após o bombardeio, a pequena Walderez foi encontrada flutuando dentro de uma caixa de madeira de leite condensado. O momento do resgate foi marcado pela desesperança: muitos acreditavam que não haveria mais sobreviventes. Após ser resgatada, Walderez foi levada à casa do prefeito de Valença, onde sofreu um acidente que resultou na fratura do braço. O reencontro com seu pai aconteceu posteriormente em um hospital, após um breve período de incerteza.
Em uma recente visita à sua residência, Walderez compartilhou suas lembranças e os impactos desse episódio em sua vida. Ao longo de mais de 80 anos, ela guardou os traumas e a dor da tragédia, que ainda a acompanham. Agora, com a reflexão sobre conflitos contemporâneos, ela observa que a humanidade parece não ter aprendido com a sua própria história. “Vivemos uma repetição do passado, sempre em busca de paz em meio a gritos de guerra”, afirma, destacando sua experiência e a conexão emocional que ainda tem com o mar, que sempre foi uma parte significativa de sua vida.
Walderez, que durante a maior parte de sua vida se manteve em silêncio sobre sua experiência, encontrou coragem para falar sobre sua história apenas há cerca de 14 anos. Sua trajetória não é apenas pessoal, mas representa um importante capítulo da história brasileira durante a guerra. Hoje, ela observa como sua narrativa se entrelaça com a memória coletiva do país, reconhecendo a relevância de seu relato para as gerações futuras. A história da sobrevivente é um poderoso lembrete dos horrores da guerra e da resiliência do espírito humano diante da adversidade.