Silêncio Estratégico: O Perigo Escondido por Trás da ‘Maturidade’ Emocional

Ficar em silêncio durante conflitos é frequentemente percebido como uma demonstração de autocontrole e maturidade emocional. No entanto, essa escolha, que parece sensata à primeira vista, pode, em determinados contextos, resultar em efeitos adversos significativos. O psicólogo Pedro Enrique Rujano, atuante em hospitais em Curitiba, alerta que o silêncio motivado pelo medo, em contraposição à escolha consciente, torna-se um fardo emocional, comprometendo a saúde mental.

Segundo Rujano, embasado na Logoterapia de Viktor Frankl, a repressão da própria opinião pode corroer a vivência de sentido na vida. Quando uma pessoa opta pelo silêncio por temor, ela acaba se distanciando de seus valores e autenticidade. Essa desconexão emocional pode manifestar-se em forma de ansiedade, baixa autoestima e até depressão. O profissional destaca que a necessidade humana de se posicionar e contribuir para o mundo não deve ser subestimada, pois isso demanda coragem e autenticidade.

Embora muitos reconheçam que evitar conflitos pode ser um sinal de inteligência emocional, Rujano adverte que o silêncio só é saudável quando praticado de forma consciente. Um silêncio usado para evitar confrontos se transforma em uma estratégia de fuga, e a verdadeira maturidade inclui a disposição de se expressar mesmo em situações desconfortáveis. A busca por harmonia superficial pode, na verdade, esconder a falta de autenticidade.

Ao evitar constantemente expressar sentimentos e pensamentos, a pessoa pode experimentar um processo conhecido como frustração existencial. Essa condição é marcada por um sofrimento íntimo, resultante da falta de alinhamento entre ações e valores significativos. O psicólogo aponta que, ao entrar em “modo sobrevivência”, muitos acabam desenvolvendo ressentimento e afastando-se de sua verdadeira essência. O acúmulo de silêncios não ditos pode corroer a integridade emocional, gerando um profundo sentimento de desconexão com a vida.

Identificar quando o silêncio se torna prejudicial é crucial. Rujano sugere refletir se o silêncio aproxima ou afasta de metas e propósitos de vida. O silêncio benéfico é intencional e reflexivo; já o prejudicial é imposto pela evitação de conflitos, culminando em tensão e perda de identidade.

É possível expressar opiniões sem criar conflitos. O psicólogo recomenda usar práticas de comunicação não violenta, como mensagens pessoais e escuta ativa, permitindo que as divergências se tornem oportunidades de fortalecimento dos vínculos, em vez de rompimento. Esta abordagem ajuda a manter a autenticidade e a empatia nas relações, essenciais para o bem-estar emocional.

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