Shutdown dos EUA se torna o mais longo da história, afetando serviços essenciais e provocando crise econômica no país durante governo Trump.

A atual paralisação do governo dos Estados Unidos, sob a liderança do ex-presidente Donald Trump, marca um momento inédito na história do país, tornando-se a mais longa já registrada. Recentemente, o Senado norte-americano enfrentou mais uma derrota na tentativa de aprovar um projeto para financiamento temporário, resultando na 14ª falha em alcançar um consenso e intensificando a crise já existente no Congresso.

O novo ano fiscal começou em 1º de outubro, mas a incapacidade de chegar a um acordo sobre o orçamento federal gerou uma interrupção significativa nas operações governamentais. Este tipo de “shutdown” implica a suspensão de serviços públicos fundamentais, que são diretamente financiados pelo Legislativo, até que um novo orçamento seja oficialmente aprovado.

Esse episódio supera o recorde anterior, que durou 35 dias, entre dezembro de 2018 e janeiro de 2019, também no contexto do governo Trump. O ponto central da contenda entre os partidos Democrata e Republicano está em torno do financiamento de um sistema de saúde criado durante a administração do ex-presidente Barack Obama. Os democratas insistem na manutenção dos benefícios como uma condição para reabertura do governo, argumentando que a paralisação poderia levar a um aumento nos custos médicos para milhões de cidadãos. Por outro lado, os republicanos afirmam que a discussão sobre saúde deve ser tratada separadamente e condicionam qualquer negociação à reativação imediata das atividades governamentais.

A situação é ainda mais complexa, pois o analista político Keith Preston aponta que a busca por responsáveis é, em si, uma encenação política. Ele observa que metade da população culpa o presidente, enquanto a outra metade responsabiliza o Congresso, criando uma atmosfera em que os cidadãos se tornam meros espectadores de um impasse político.

Trump, por sua vez, manifestou a intenção de usar esse período de paralisação como uma oportunidade para implementar cortes significativos no quadro funcional público e eliminar programas que não gozam de popularidade entre os republicanos, além de responsabilizar os democratas pela falta de um acordo orçamentário.

As repercussões econômicas dessa paralisação são alarmantes, com uma pesquisa recente indicando que quase 90% da população americana expressa preocupação sobre os impactos do shutdown. Várias empresas que dependem de contratos federais já relataram uma queda considerável em suas receitas. Nos aeroportos, a falta de controladores de tráfego aéreo tem gerado atrasos, e o secretário de Transportes, Sean Duffy, emitiu um alerta sobre a possibilidade de colapso no sistema aéreo se a paralisação continuar durante o aumento no fluxo de viagens em novembro.

O setor de turismo, igualmente afetado, vê parques nacionais e museus fechados, resultando em uma diminuição nas reservas de hotéis e cassinos. Centenas de empresas do setor solicitam ao Congresso uma solução imediata para a crise. Além disso, milhões de americanos dependem do programa de cupons de alimentação, e o governo já avisou que só poderá garantir metade do orçamento para o programa em novembro, com os fundos de emergência previstos para se esgotar até o final do mês.

Conforme enfatiza Keith Preston, o problema não reside apenas no transtorno imediato gerado pela paralisação, mas na percepção de que os cidadãos precisam suportar as consequências sempre que o governo central enfrenta uma interrupção em suas atividades administrativas.

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