O primeiro multicóptero certificado do mundo decola de Bruchsal, Alemanha, inaugurando uma nova era para o transporte aéreo.
Assim como a tecnologia do smartphone desencadeou novas ideias para o transporte urbano – como o C1 da Lit Motor, um veículo elétrico de duas rodas com balanceamento automático – as tecnologias de drones estão levando o futuro das viagens pessoais a novos patamares.
O Volocopter VC200 escreveu sua página na história da ciência da navegação aérea no dia 20 de março como o primeiro multicóptero certificado a voar com uma pessoa a bordo. Projetado pela empresa alemã e-volo, essa aeronave elétrica proporciona às pessoas uma rápida ideia de um futuro em que, um dia, os ubers e táxis viajarão acima do nível das ruas até seu próximo destino.
“O Volocopter é extremamente fácil de pilotar, silencioso e construído com grande simplicidade em termos de eletricidade quando comparado aos helicópteros, que são difíceis de pilotar, barulhentos e complexos do ponto de vista mecânico,” disse Jan Stumpf, CEO da Ascending Technologies, uma empresa da Intel que vem trabalhando com a e-volo desde 2013.
A publicação The Verge chamou o Volocopter de “apanhador de sonhos” devido ao seu conjunto simétrico de hélices fixadas acima da cabine em forma oval para dois passageiros. O VC2000 parece uma combinação de drone e helicóptero superdimensionada mas, na verdade, é um multicóptero, também chamado de multirrotor, que utiliza lâminas fixas e é controlado variando-se a velocidade de cada rotor.
Assista:

A propulsão elétrica sem emissão de gases do VC200 é produzida por 18 rotores que acionam hélices, tudo movido por nove baterias. Ele pode alcançar até 100 km/h durante o voo e utiliza a última palavra em tecnologia da navegação, tornando-o muito fácil para o piloto.
Florian Reuter, diretor-gerente, diretor de estratégia e finanças da e-volo, estima que o preço do Volocopter será a partir de € 250.000.
“Trabalhamos para que ele esteja disponível no início de 2018 nos EUA. e na Alemanha logo em seguida”, afirmou Reuter.
Simplicidade e segurança integrada têm muito a ver com a Ascending Technologies, uma empresa pioneira na inovação em drones. A empresa recentemente ajudou a Intel a estabelecer um Recorde Mundial no Guinness Book pelo maior número de Veículos Aéreos Não Tripulados (UAVs) no ar simultaneamente. Esses 100 drones dançantes iluminaram o céu noturno com um show de luzes coreografado para acompanhar a orquestra que executava, ao vivo e ao ar livre, a Quinta Sinfonia de Beethoven.
Embora a simplicidade do VC200 seja prejudicada pelas limitações da bateria e da carga útil, Stumpf ressalta as qualidades e as facilidades que podem fazer desse tipo de multicóptero a próxima grande novidade em termos de transporte urbano.
“Em comparação com as aeronaves tradicionais, é muito mais fácil para o piloto manejar o Volocopter”, acrescentou Stumpf. “Qualquer pessoa é capaz de aprender a pilotá-lo em poucos minutos.”
Ele é eficiente no consumo de energia, fácil de operar e o sistema de controle de voo — particularmente os aspectos que permitem que o aparelho flutue no ar e aterrisse suavemente por conta própria — pode ser atualizado rapidamente.
“Foi realmente uma sensação maravilhosa”, disse Alexander Zosel, diretor gerente da e-volo, fabricante do Volocopter, acerca do histórico voo na Alemanha.
Zosel disse que a sensação de pilotar o Volocopter foi semelhante à de pilotar um drone de controle remoto desde a decolagem.
No seu primeiro voo tripulado, o V200 chegou a 24 km/h, mas a equipe da e-volo está empenhada em aumentar a velocidade para 96 km/h nos próximos voos.
A aeronave fabricada com composto de fibra pesa 450 kg e requer cerca de 50 quilowatts de potência da bateria, dependendo da pressão atmosférica e das condições climáticas.
Como o ângulo da lâmina da hélice do VC200 não pode ser ajustado, o impulso produzido depende unicamente da velocidade de rotação dos diferentes rotores.
Assim como Zosel comandou a aeronave usando um joystick com controles de polegar, as funções de piloto automático triplamente redundantes da Ascending Technologies permitem que o Volocopter mantenha sua posição no ar sempre que o piloto solte o joystick.
O piloto automático funciona com controladores de motor sem escovas, que são acionados por uma corrente contínua e dispõem de sistemas de comutação eletrônica em vez das escovas mecânicas e comutadores utilizados nos motores de corrente direta com escovas. Ele se conecta a uma rede de comunicação de fibra óptica e a vários adaptadores eletrônicos para se comunicar com outros componentes, como as baterias, mostradores de dados ou o paraquedas de segurança.
“Como as únicas peças giratórias são as hélices — com dois rolamentos de esferas cada — este tipo de aeronave não requer muita manutenção”, acrescentou.

Stumpf chama o VC200 de “sistema digital de controle por sinais elétricos (fly-by-wire) em uma aeronave elétrica ultraleve.” A primeira imagem de voo tripulado que lhe vem à mente é sua experiência de pilotar aeronaves Cessna com 40 anos de uso e um helicóptero acompanhado de instrutor.
Ele disse que embora exija conhecimento e experiência em tráfego aéreo regulamentado, o VC200 enfrenta a parte mais complexa e arriscada da aviação geral. As tecnologias simples do controlador de joystick e do piloto automático reduzem as possibilidades de erro humano. Seu sistema de controle de voo multirredundante ajuda a garantir o controle preciso da altitude e a estabilidade do posicionamento.
“Na aviação geral, cerca de 70% de todos os acidentes são erros do piloto”, comentou. “As funções automáticas acrescentam uma camada de segurança e conforto.”
Ele disse que o sistema ‘fly-by-wire’ aprende com cada voo e que a coleta de dados pode ser compartilhada com outras aeronaves construídas com o mesmo sistema.
O sistema de hélices é projetado para dobrar-se e encaixar-se em um reboque para facilitar o transporte.

Diante da necessidade de testes de voo adicionais e de um emaranhado de questões regulatórias governamentais de ambos os lados do Atlântico, provavelmente somente em 2018, na melhor das hipóteses, você poderá ir até um pátio da e-volo e ligar o motor.
A e-volo está tentando obter a certificação para produzir o Volocopter em grande quantidade. A empresa afirmou que, nos próximos anos, o VC200 influenciará os esportes aéreos e os serviços de táxi voltados para tirar o transporte individual e público das ruas e levá-lo para o céu, algo que a NASA vem explorando.
Em abril, o Wall Street Journal noticiou que um grupo consultivo do governo dos EUA propôs a extensão dos regulamentos para pequenos drones comerciais utilizados para captar imagens de vídeo de notícias, inspeções da rede elétrica e outros tipos de voo sobre áreas urbanas ou sobre grandes concentrações de público.

“Estamos demonstrando para os órgãos reguladores de todo o mundo que as tecnologias utilizadas da forma correta podem ajudar a criar novas regras para os veículos aéreos tripulados e não tripulados”, disse Natalie Cheung, gerente de produtos UAV da Intel.
Enquanto a Intel e outros líderes do setor trabalham para aprimorar os regulamentos em todo o mundo. Stumpf está atento às novas maneiras com as quais a tecnologia pode ajudar.
“Se todos puderem fazer viagens aéreas seguras com esforço igual ou menor do que o usado para dirigir um automóvel, poderá ocorrer um impacto enorme no transporte individual.”
“Obviamente o armazenamento de energia ainda é o maior desafio e para muitos sistemas automáticos tripulados as regras do transporte aéreo teriam que se adaptar”, disse ele. “Mas, se houver tecnologia disponível e a demanda for gerada, os reguladores acompanharão.”
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