SÉRIE – “Caçador de Marajás” revisita a ascensão meteórica e a queda de Fernando Collor – com Jornal Rede Repórter

A trajetória política de Fernando Collor de Mello, do auge ao impeachment, ganha nova leitura em Caçador de Marajás, minissérie documental em sete episódios lançada pelo Globoplay. Dirigido por Charly Braun, o trabalho reconstrói a inesperada ascensão do então governador de Alagoas ao Palácio do Planalto e os desdobramentos que culminaram em sua queda, em um dos capítulos mais turbulentos da história recente do Brasil.

A produção se destaca pela abordagem detalhada e pelo uso extenso de imagens de arquivo, reconstituindo o ambiente político e cultural da virada dos anos 1980 para os 1990. O primeiro episódio apresenta o contexto familiar de Collor e seu início na vida pública, enquanto o segundo destaca o período como prefeito, deputado federal e governador, quando ganhou fama nacional ao combater altos salários no funcionalismo — a origem da alcunha “caçador de marajás”.

O terceiro capítulo é apontado como o mais envolvente da série. Nele, são revisitados os bastidores da eleição presidencial de 1989, a primeira após o regime militar. A narrativa traz de volta os debates, os confrontos entre os candidatos e o episódio decisivo do último debate entre Collor e Lula, exibido pela TV Globo, que influenciou diretamente o resultado do segundo turno.

Entre os entrevistados estão jornalistas, políticos e figuras da cultura que ajudam a reconstruir o clima da época. A presença do ministro Gilmar Mendes, entretanto, causa estranhamento — suas poucas falas não agregam ao contexto histórico e destoam do tom do documentário.

A série também destaca o papel central da imprensa, especialmente da revista Veja, que impulsionou a imagem de Collor e mais tarde revelou os escândalos que levaram à sua destituição. O foco dos episódios finais está no governo em si: o confisco de poupanças de Zélia Cardoso de Mello, as tensões com a primeira-dama Rosane, as denúncias de corrupção e o rompimento com o irmão Pedro Collor, que resultou nas acusações envolvendo o empresário PC Farias.

Embora a produção reconheça iniciativas positivas do governo, como políticas ambientais e projetos educacionais de tempo integral, o tom predominante é o de tragédia política. O título da série, referência ao apelido que alavancou sua carreira, ganha novo significado ao retratar o colapso de uma figura que, após simbolizar a modernidade e a esperança, terminou afastada do poder e, hoje, cumpre prisão domiciliar.

Caçador de Marajás está disponível no Globoplay e é indicado para maiores de 12 anos.

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