Senadores Renan Calheiros e Eduardo Braga são indiciados pela PF por corrupção e lavagem de dinheiro em esquema de propina.

A Polícia Federal (PF) indiciou os senadores Renan Calheiros (MDB-AL) e Eduardo Braga (MDB-AM) por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e organização criminosa. A investigação aponta que os parlamentares teriam recebido propina do antigo grupo Hypermarcas, atualmente chamado de Hypera Pharma, do setor farmacêutico, em troca de favorecimento no Congresso Nacional. Além dos senadores, o ex-senador Romero Jucá (MDB-RR) também foi indiciado no mesmo inquérito.

Segundo as informações obtidas, o inquérito que culminou no indiciamento dos políticos está em tramitação há seis anos e o relatório final foi encaminhado pela PF ao Supremo Tribunal Federal (STF) recentemente, mantido sob sigilo. O relator do processo no STF, ministro Edson Fachin, enviou o material à Procuradoria-Geral da República (PGR) para análise. O procurador-geral, por sua vez, agora possui a responsabilidade de decidir se irá apresentar denúncia contra os senadores implicados.

Os senadores Renan Calheiros e Eduardo Braga fazem parte da base governista e possuem influência no cenário político brasileiro. Calheiros é pai do ministro dos Transportes do governo Lula, Renan Filho, enquanto Eduardo Braga é relator da reforma tributária no Senado. De acordo com o relatório da PF, a Hypermarcas teria pago aproximadamente R$ 20 milhões aos senadores, por meio do empresário Milton Lyra, apontado como intermediário do MDB.

Além disso, a investigação revela que os parlamentares atuaram em favor da Hypermarcas em um projeto de lei no Senado que tratava de incentivos fiscais para empresas. A PF também salienta que Renan Calheiros teria indicado um nome para a diretoria da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) com o intuito de favorecer os interesses do grupo empresarial dentro da agência.

O inquérito que resultou nos indiciamentos é um desdobramento da Operação Lava Jato e teve início em 2018, a partir da delação premiada de Nelson Mello, diretor da Hypermarcas à época. Mello admitiu ter firmado contratos fictícios com empresas indicadas por Milton Lyra, sem a prestação de serviços, para repassar os valores aos políticos, o que configurou lavagem de dinheiro.

Além dos senadores, Milton Lyra também foi indiciado pela PF por lavagem de dinheiro. Já a parte da investigação relacionada a Romero Jucá foi entregue à Justiça Federal do Distrito Federal, uma vez que ele não possui mais foro privilegiado. Este caso de corrupção envolvendo políticos influentes no cenário nacional traz à tona mais uma vez a necessidade de combate efetivo à corrupção e à impunidade no Brasil. A sociedade espera respostas e punições exemplares para os envolvidos em práticas ilícitas que ferem a democracia e a moralidade pública.

Sair da versão mobile