Senador Angelo Coronel admite possibilidade de ser citado em escuta da PF na Operação Overclean, envolvendo emendas e contratos no Dnocs na Bahia.

Na recente operação Overclean, novas revelações surgem sobre a conexão entre políticos e empresários em práticas possivelmente ilícitas. O senador Angelo Coronel (PSD-BA), um dos principais nomes da política baiana, admitiu ser o “senador” mencionado em uma conversa gravada pela Polícia Federal, na qual seu afilhado político, Rafael Guimarães, coordenador do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs) na Bahia, expressava preocupação sobre recursos financeiros que poderiam ser bloqueados por decisões do Supremo Tribunal Federal (STF).

Na conversa, Guimarães discutia com o empresário Alex Parente sobre o impacto dessas decisões em relação a emendas que em conjunto, ultrapassam a casa dos milhões de reais. “Estou preocupado, porque é muito dinheiro do senador”, disse Guimarães, referindo-se a um montante significativo oriundo de emendas parlamentares que, devido à iniciativa do Congresso para aumentar a transparência e o controle dos recursos públicos, poderiam não ser liberados.

A Allpha Pavimentações, empresa vinculada a Alex Parente, está sob investigação por contas da operação Overclean e mantém contratos que somam mais de R$ 150 milhões com o Dnocs, a maioria deles vinculados a recursos oriundos do controverso orçamento secreto. As ramificações desse escândalo, que começou com o foco em um contrato específico do Dnocs, agora abrangem uma rede mais ampla de corrupção e fraudes em licitações envolvendo diversas esferas do governo.

Em diálogo sobre sua suposta ligação com a Allpha e Parente, Coronel negou qualquer associação, se definindo como apenas um parlamentário que exerce sua função ao encaminhar emendas para o Dnocs. Segundo ele, “não conheço a empresa, muito menos sou responsável pelas escolhas feitas pela autarquia sobre quais construtoras serão contratadas”.

Entretanto, o senador não escondeu que, em 2020, apresentou emendas ao Dnocs e confirmou que, ao ser mencionado em conversas, ele pode realmente ser um dos “senadores” citados. “Se ele cita ‘senador’, eu sou um dos citados, porque eu coloquei [emendas]… Tudo está documentado”, afirmou.

Coronel também ressaltou que, assim como outros parlamentares, ele frequentemente pressiona administração estatal para garantir a execução das obras vinculadas a seus recursos. “Ficamos ansiosos para ver onde o dinheiro vai ser aplicado. Por isso, cobramos, e ele [Guimarães] poderia estar lidando com essa pressão”, explicou o senador.

A operação Overclean continua a expor a complexa rede de interesses entre políticos e empresários, revelando como contratos governamentais podem ser potencialmente corrompidos através de emendas e financiamento público, uma situação que suscita debates urgentes sobre ética e transparência na gestão pública.

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