Na conversa, Guimarães discutia com o empresário Alex Parente sobre o impacto dessas decisões em relação a emendas que em conjunto, ultrapassam a casa dos milhões de reais. “Estou preocupado, porque é muito dinheiro do senador”, disse Guimarães, referindo-se a um montante significativo oriundo de emendas parlamentares que, devido à iniciativa do Congresso para aumentar a transparência e o controle dos recursos públicos, poderiam não ser liberados.
A Allpha Pavimentações, empresa vinculada a Alex Parente, está sob investigação por contas da operação Overclean e mantém contratos que somam mais de R$ 150 milhões com o Dnocs, a maioria deles vinculados a recursos oriundos do controverso orçamento secreto. As ramificações desse escândalo, que começou com o foco em um contrato específico do Dnocs, agora abrangem uma rede mais ampla de corrupção e fraudes em licitações envolvendo diversas esferas do governo.
Em diálogo sobre sua suposta ligação com a Allpha e Parente, Coronel negou qualquer associação, se definindo como apenas um parlamentário que exerce sua função ao encaminhar emendas para o Dnocs. Segundo ele, “não conheço a empresa, muito menos sou responsável pelas escolhas feitas pela autarquia sobre quais construtoras serão contratadas”.
Entretanto, o senador não escondeu que, em 2020, apresentou emendas ao Dnocs e confirmou que, ao ser mencionado em conversas, ele pode realmente ser um dos “senadores” citados. “Se ele cita ‘senador’, eu sou um dos citados, porque eu coloquei [emendas]… Tudo está documentado”, afirmou.
Coronel também ressaltou que, assim como outros parlamentares, ele frequentemente pressiona administração estatal para garantir a execução das obras vinculadas a seus recursos. “Ficamos ansiosos para ver onde o dinheiro vai ser aplicado. Por isso, cobramos, e ele [Guimarães] poderia estar lidando com essa pressão”, explicou o senador.
A operação Overclean continua a expor a complexa rede de interesses entre políticos e empresários, revelando como contratos governamentais podem ser potencialmente corrompidos através de emendas e financiamento público, uma situação que suscita debates urgentes sobre ética e transparência na gestão pública.