Senado Lança Guia Eleitoral para Fortalecer Candidaturas Femininas e Negras em Data Comemorativa

Em uma sessão especial realizada nesta quinta-feira (8), o Senado Federal lançou o “Guia Eleitoral para Candidaturas Femininas e Negras”, em homenagem ao Dia Internacional da Mulher Negra, Latino-Americana e Caribenha, celebrado em 25 de julho. A iniciativa visa reduzir a disparidade na representação política e fortalecer as práticas antirracistas no país, conforme discutido no evento presidido pela senadora Zenaide Maia (PSD-RN).

A senadora Zenaide Maia destacou os graves problemas de discriminação e racismo que as mulheres negras enfrentam no Brasil. Ela fez referência ao histórico Encontro de Mulheres Negras Latinas e Caribenhas realizado na República Dominicana em 1992, evento que levou à criação da Rede de Mulheres Afro-latino-americanas e Afro-Caribenhas em parceria com a ONU. “Estamos aqui, novamente, para chamar a atenção e dar visibilidade a essa realidade. Não podemos mais admitir que a vida da mulher negra no Brasil seja tão difícil e cheia de obstáculos, pois, ao contrário dos obstáculos naturais, estamos falando de dificuldades impostas pela própria sociedade,” afirmou Zenaide, enfatizando a importância de superar esses desafios.

Além disso, a sessão foi uma homenagem ao Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra, também comemorado em 25 de julho. Tereza de Benguela foi uma figura histórica que liderou o Quilombo Quariterê na fronteira entre Mato Grosso e Bolívia, resistindo ao governo escravista e coordenando as atividades da comunidade por cerca de duas décadas.

Um importante acordo de cooperação foi assinado entre o Senado e o Ministério da Igualdade Racial, o que resultou no lançamento imediato do guia voltado às candidaturas femininas e negras. Apesar dos avanços, a representação política feminina negra no Brasil continua baixa, refletindo as profundas desigualdades de gênero e raça que persistem no país. Segundo dados de 2020, a diferença salarial entre um homem branco e uma mulher negra, com o mesmo nível de formação, ultrapassa os 100%. Além disso, pesquisas indicam que, em 2017, 66% dos homicídios femininos foram contra mulheres negras.

A lei 9.100, de 1995, foi destacada pela senadora Zenaide como um marco na luta pela inclusão de mulheres na política, prevendo percentuais mínimos de candidaturas femininas. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) também tem atuado contra fraudes nas cotas de gênero. A ministra do TSE, Edilene Lôbo, reforçou a necessidade de democratizar os espaços de poder: “Para que nossa democracia seja autêntica, precisamos de mais mulheres negras nesses espaços.”

Claudia de Angelo Barbosa, representando o Ministério das Relações Exteriores, mencionou a presença de uma relatora especial da ONU para racismo no Brasil e a realização de uma conferência sobre a diáspora africana em Salvador ainda neste mês. Ela afirmou que o Brasil se mantém comprometido com a Declaração e Plano de Ação de Durban, e com a renovação da Década Internacional de Afrodescendentes. No cenário internacional, o país tem defendido resoluções importantes como a incompatibilidade entre democracia e racismo.

Claudia também destacou que o Instituto Rio Branco dá bolsas para candidatos negros há 22 anos, tendo aprovado mais de 50 diplomatas negros, e que, em 2024, 35 vagas serão destinadas a mulheres negras. Maria Helena Guarezi, do Ministério das Mulheres, defendeu a importância da representatividade e igualdade de oportunidades: “As políticas públicas só serão verdadeiramente justas e inclusivas quando concebidas e implementadas por uma diversidade de vozes.”

O evento reafirma o compromisso do Senado e outras instituições com a inclusão e igualdade racial, marcando um significativo passo em direção a um Brasil mais justo e democrático.

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