SENADO FEDERAL – Vetos presidenciais à Lei Geral do Esporte geram críticas e preocupações sobre justiça desportiva e isenção de impostos para equipamentos esportivos, afirmam representantes do setor.

Na última quarta-feira (16), representantes do setor esportivo expressaram suas preocupações sobre os vetos presidenciais à Lei Geral do Esporte, apontando que essas decisões comprometerão tanto a justiça desportiva quanto o acesso a equipamentos de alta performance. A mobilização ocorreu durante a primeira de duas audiências públicas promovidas pelas Comissões de Esporte do Senado e da Câmara dos Deputados, onde os participantes discutiram as implicações dos 397 vetos impostos ao texto da lei, dos quais 355 ainda aguardam análise no Congresso Nacional.

A Lei Geral do Esporte, que busca reunir normas dispersas, como o Estatuto do Torcedor, a Lei Pelé e a Lei de Incentivo ao Esporte, visa estabelecer novos padrões para o setor. Durante as audiências, a senadora Leila Barros (PDT-DF) destacou que, em 2023, houve um entendimento entre os parlamentares e o governo federal para elaborar um novo projeto de lei em substituição aos pontos vetados, porém este acordo parece ter se desfeito, especialmente com a mudança no ministério. O senador Carlos Portinho (PL-RJ) enfatizou que o atual ministro do Esporte, André Fufuca, não manteve a mesma disposição para negociar que sua antecessora, Ana Moser.

A discussão sobre os impactos fiscais foi um dos pontos centrais das audiências. O diretor-geral do Comitê Olímpico do Brasil, Emanuel Rego, criticou a retirada de isenções fiscais que beneficiavam a importação de equipamentos esportivos essenciais para as modalidades olímpicas. Ele apontou que, sem esses materiais, a qualidade das competições e a preparação dos atletas podem ser severamente afetadas. A justificativa do governo federal para os vetos se baseou na falta de estudos de impacto financeiro que respaldassem os benefícios fiscais reivindicados pelos parlamentares.

Em meio a essa troca de argumentos, também houve um clamor por justiça desportiva mais autônoma. Rodrigo da Paz Ferreira Darbilly, assessor jurídico da Confederação Brasileira de Futebol, defendeu que as organizações esportivas deveriam ter a liberdade de estabelecer seus próprios tribunais, adaptando-se às necessidades específicas de cada modalidade. Atualmente, as regras fazem com que haja um Código Brasileiro de Justiça Desportiva que unifica as infrações, o que limita a flexibilidade necessária para as particularidades de diferentes esportes.

O debate sobre a Lei Geral do Esporte foi amplificado por questões sociais e econômicas, com participantes argumentando que, assim como outras categorias da sociedade, o esporte também deveria ser beneficiado com incentivos fiscais, dado seu impacto positivo na economia e no desenvolvimento social.

Em síntese, as audiências públicas revelaram um ambiente de tensão e complexidade envolvendo a legislação esportiva no Brasil, mostrando a importância de um diálogo constante entre os vários setores envolvidos para garantir um futuro mais equilibrado e justo para o esporte nacional. As discussões continuarão em uma segunda audiência, onde se espera que novos pontos de vista e propostas sejam apresentados na busca por soluções que sirvam aos melhores interesses do esporte brasileiro.

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