“— O governo Lula foi rápido em lamentar a morte de um líder político do Hamas, mas, sobre as eleições venezuelanas, silêncio total; sobre as mortes na Venezuela, silêncio total; sobre as prisões na Venezuela por perseguição do regime chavista, do regime de [Nicolás] Maduro, silêncio total. Sabe o que isso demonstra para o mundo? Que o Brasil está, aparentemente, pela sua liderança maior, ao lado de terroristas e ditadores. É conivente com as barbaridades perpetradas por regimes totalitários. O silêncio do presidente Lula diz muito. O Brasil está passando pano para essa ditadura, claramente torcendo por ela,” declarou.
Girão ainda argumentou que a exigência das atas eleitorais pelo governo brasileiro é apenas uma “retórica vazia” e sugeriu que a demora na divulgação desses documentos é um forte indício de fraude. Ele também criticou uma nota do PT que elogia a democracia venezuelana ao reconhecer a vitória de Nicolás Maduro, além de lamentar a abstenção do Brasil na votação de uma resolução da Organização dos Estados Americanos (OEA) que exigia transparência e divulgação das atas eleitorais.
“— Eram necessários 18 votos. Votaram a favor 17 países, e, de forma irresponsável, o Brasil se absteve! O Brasil está com a mão cheia de sangue do povo venezuelano! Isso depois de uma nota indecente do PT elogiando a democracia na Venezuela e de o próprio presidente Lula declarar que não via nada de anormal. Está todo mundo vendo! É por isso que querem controlar nossas redes sociais! Todo esse sofrimento imposto pela ditadura aos nossos irmãos venezuelanos serviu pelo menos para que ficasse escancarada, para os brasileiros e para o mundo, a verdadeira face espúria de Lula, do PT e de seus aliados ao apoiarem, de maneira cínica, um dos ditadores mais corruptos e sangrentos da atualidade!” enfatizou o senador.
Além disso, o parlamentar chamou a atenção para a crise humanitária que aflige a população venezuelana, mencionando que cerca de 7 milhões de venezuelanos já abandonaram o país em busca de refúgio. Ele relembrou que, após a morte de Hugo Chávez em 2013, Nicolás Maduro assumiu o poder e consolidou a ditadura por meio do controle do Supremo Tribunal e da perseguição feroz aos opositores.
Como exemplo da opressão do regime, Girão citou o caso de Maria Corina Machado, deputada federal eleita em 2010, que foi cassada pelo Tribunal Supremo de Justiça da Venezuela em 2014 e declarada inelegível por 15 anos. Girão destacou que em 2023, mesmo convidada para falar no Senado brasileiro, Machado foi impedida de sair do país pelo governo de Maduro.
“— Chamamos a Maria Corina, no ano passado, para ser ouvida no Senado, na Comissão de Relações Exteriores. Sabem o que aconteceu? O regime não deixou ela viajar. Ela teve que participar por via remota. Em setembro de 2023, quando dessa audiência pública, ela teve a retenção do seu passaporte. Foi impedida de sair do país,” lastimou o senador.
Este pronunciamento escancarou a divergência política no Brasil em relação à situação venezuelana e trouxe à tona a complexa teia de posições diplomáticas e ideológicas que envolvem a questão.