Durante seu discurso, Paim abordou os desafios enfrentados no âmbito trabalhista, especialmente em um contexto de rápidas transformações tecnológicas. Ele criticou de forma enfática o que considera um enfraquecimento da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e propôs uma redução gradual da jornada semanal para 36 horas, sem redução salarial, como uma forma de melhorar a qualidade de vida dos trabalhadores formais e estimular a geração de empregos.
O senador enfatizou a distinção entre liberdade de escolha e a abolição de direitos trabalhistas assegurados por lei. Paim lembrou as promessas não cumpridas da reforma trabalhista, que prometia gerar milhões de empregos, e as dificuldades impostas pela reforma da Previdência, que complicou a aposentadoria para muitos trabalhadores. Ele defendeu que a CLT deve ser atualizada, mas jamais destruída, ressaltando que os direitos dos trabalhadores devem ser não apenas preservados, mas aprimorados.
Em apoio a essa visão, o ministro Marinho sublinhou o compromisso do governo federal com a valorização do trabalho formal e o combate à precarização. Ele destacou que dos mais de 103 milhões de trabalhadores no Brasil, cerca de 40 a 48 milhões estão sob a proteção da CLT. O restante, mais de 50 milhões, enfrenta condições de trabalho precarizadas, muitas vezes fora do escopo formal.
A professora Rosilene Corrêa, representante da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), denunciou a precarização da carreira docente, afirmando que uma expressiva parte dos professores atua em contratos temporários, o que compromete a qualidade da educação.
O técnico do Dieese, Alexandre Ferraz, abordou a longa jornada de trabalho enfrentada pelos trabalhadores mais pobres, ressaltando que essas jornadas recaem de forma desproporcional sobre aqueles com menor escolaridade e renda.
Por sua vez, Geny Helena Fernandes, da Associação Nacional dos Procuradores do Trabalho (ANPT), alertou sobre os riscos à Justiça do Trabalho e os impactos da informalidade e da pejotização.
Ao encerrar a sessão, Paim enfatizou a importância da mobilização dos trabalhadores e anunciou uma audiência pública na Comissão de Assuntos Sociais (CAS) para discutir a pejotização. A solenidade atraiu a presença de trabalhadores e representantes de diversas categorias, além de autoridades governamentais e de organizações internacionais, fortalecendo o diálogo sobre os desafios em torno do mundo do trabalho no Brasil.