Ao finalizar a votação, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, analisou a situação e considerou a aprovação uma derrota ao governo. Ele enfatizou a importância de um diálogo mais aberto entre os poderes, ressaltando que o Senado tem apoiado a política econômica do governo desde o início, mas que a proposta do aumento de IOF foi amplamente rejeitada pela sociedade. Alcolumbre destacou que muitos que se opuseram ao decreto do governo o fizeram sem compreender totalmente os detalhes do texto, sugerindo que um maior entendimento coletivo poderia ter evitado a controvérsia.
Os aumentos de IOF, inicialmente anunciados em maio, buscavam gerar uma arrecadação adicional de R$ 61 bilhões em dois anos. No entanto, a resistência de setores produtivos levou o governo a recuar parcialmente, publicando um novo decreto que ainda mantinha alguns incrementos. A pressão de parlamentares e a resistência da sociedade civil foram cruciais para que os deputados aprovassem um substitutivo que cancelou os três decretos, não apenas o último que tratava do imposto.
O relator no Senado, Izalci Lucas, apresentou uma posição crítica em relação ao aumento do IOF, enfatizando que o imposto deveria ter uma função regulatória e não ser utilizado para elevação de receitas sem um diálogo adequado com o Legislativo. Ele defendeu a previsibilidade fiscal no país, alertando que improvisações tributárias comprometem a confiança dos investidores e penalizam as classes mais vulneráveis.
Por sua vez, o líder da Minoria, Ciro Nogueira, propôs que o governo buscasse cortar despesas em um orçamento federal que ultrapassa R$ 1 trilhão, ao invés de aumentar tributos, defendendo uma postura que priorize os interesses da sociedade. Para ele, as dificuldades enfrentadas pela população em relação à alta carga tributária exigem uma revisão mais profunda das contas públicas.
O projeto de decreto não apenas sustenta os três últimos decretos do governo, mas também restabelece regulamentações anteriores sobre o IOF, que definem alíquotas para diversas operações. Enquanto o governo defendia a revisão das alíquotas como necessária para o equilíbrio fiscal, a resposta do Senado reflete uma clara resistência a aumentos impostos sem a devida consideração ao diálogo social e político.
Assim, a aprovação desse decreto legislativo não apenas sinaliza uma reavaliação das políticas fiscais atuais, mas também promove um alerta sobre a necessidade de maior interação entre o governo e os representantes do povo. A discussão acerca do IOF é mais do que uma questão tributária; é um reflexo das tensões entre a administração fiscal e as demandas da sociedade brasileira por um sistema fiscal mais justo e efetivo.