SENADO FEDERAL – Senado Aprova Projeto que Suspende Decretos sobre Demarcação de Terras Indígenas em Santa Catarina, Atraindo Controvérsias entre Poderes e Debates Legislativos.

O Plenário do Senado teve uma sessão marcante na última quarta-feira, 28 de junho, ao aprovar um projeto de decreto legislativo que visa suspender os decretos do Poder Executivo relacionados à demarcação de terras indígenas em Santa Catarina. O projeto, conhecido como PDL 717/2024, recebeu um voto em separado do senador Sergio Moro (União-PR) e já havia sido previamente aprovado pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Agora, o texto segue para apreciação na Câmara dos Deputados, onde o debate deve continuar.

A proposta foi apresentada pelo senador Esperidião Amin (PP-SC) e busca suspender um artigo do Decreto 1.775 de 1996, que regulamenta o procedimento administrativo para a demarcação de terras indígenas no estado. A suspensão se aplica também a dois decretos recentes, relacionados à demarcação das terras indígenas Toldo Imbu, em Abelardo Luz, e Morro dos Cavalos, em Palhoça. O senador Amin argumenta que esses decretos não respeitam as determinações da Lei do Marco Temporal, que estabelece diretrizes específicas para tais demarcações.

O relator na CCJ, senador Alessandro Vieira (MDB-SE), manifestou-se sobre a constitucionalidade do projeto, ressaltando que apenas a sustação do artigo 2º do Decreto 1.775 seria válida, visto que sustar os decretos de homologação é uma ingerência que, segundo ele, deve ser resolvida apenas pelo Poder Judiciário. Essa posição foi contrastada pela defesa de Moro, que chamou a sustação de “resposta necessária e juridicamente sólida ao abuso normativo”.

Na discussão em Plenário, Moro se posicionou fortemente contra os decretos e criticou a situação no Supremo Tribunal Federal (STF), que atualmente impede a plena aplicação da Lei do Marco Temporal. Ele assinalou que a situação representa uma afronta ao Poder Legislativo, ao apontar que leis aprovadas estariam sendo ignoradas pelo Executivo.

Por outro lado, o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), defendeu que não há intenção de desafiar o Legislativo por parte do Executivo ou de sua base. Ele se posicionou contra o PDL, enfatizando a necessidade de manter os decretos que foram anunciados pelo presidente. A votação foi simbólica, mas provocou intensos debates, refletindo as divisões políticas em torno das questões de demarcação de terras indígenas no Brasil.

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