SENADO FEDERAL – Senado aprova PEC que limita decisões monocráticas do STF e outros tribunais superiores em votação dividida.

O Senado aprovou nesta quarta-feira (22) a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 8/2021, que estabelece limitações para decisões monocráticas no Supremo Tribunal Federal (STF) e em outros tribunais superiores. Com 52 votos a favor e 18 contrários, o texto foi aprovado tanto em primeiro quanto em segundo turno. Durante o debate no Plenário, alguns senadores destacaram que a medida não seria uma retaliação ao STF, mas sim uma tentativa de equilibrar os poderes, enquanto outros argumentaram que se trata de uma invasão indevida nas atribuições do Judiciário.

De autoria do senador Oriovisto Guimarães (Podemos-PR), a PEC proíbe a concessão de decisões monocráticas que suspendam a eficácia de leis. Decisões monocráticas são aquelas proferidas individualmente por um magistrado, em oposição às decisões colegiadas, que são tomadas por um conjunto de ministros em tribunais superiores. A proposta ainda deve passar pela análise da Câmara dos Deputados.

Durante a votação, o senador Oriovisto Guimarães agradeceu aos colegas senadores pelo debate democrático e ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, por garantir uma ampla discussão sobre o tema. Ele também elogiou o trabalho do relator, Esperidião Amin (PP-SC), por aperfeiçoar o texto.

Antes da votação, Rodrigo Pacheco ressaltou que a medida não é uma retaliação, mas sim um aprimoramento do processo legislativo, buscando um equilíbrio entre os poderes. Em um mesmo sentido, o relator Esperidião Amin e o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) também afirmaram que a proposta não visa confrontar o STF, mas sim aperfeiçoar o Judiciário e garantir análises mais céleres dos processos.

Entretanto, nem todos os senadores foram favoráveis à proposta. O líder do PT, Fabiano Contarato (ES), orientou voto contrário e argumentou que a medida restringe a atuação do STF. O senador Humberto Costa (PT-PE) considerou o momento inoportuno e destacou o papel do STF na garantia da democracia.

A proposta também foi criticada pelo senador Marcelo Castro (MDB-PI), que a considerou desnecessária. Esta crítica levantou um debate sobre a necessidade da PEC diante das mudanças recentes no regimento interno do STF, que já definem prazos para pedidos de vista e análises colegiadas de decisões individuais.

A proposta aprovada também prevê a participação das Advocacias do Senado e da Câmara dos Deputados nos julgamentos de inconstitucionalidade das leis. Além disso, estabelece regras para decisões cautelares, como a obrigatoriedade do julgamento do mérito em até seis meses.

A PEC 8/2021, de autoria de Oriovisto Guimarães, resgata o texto aprovado pela CCJ para a PEC 82/2019, que acabou sendo rejeitada pelo Plenário do Senado em setembro de 2019. Na justificativa da nova proposta, Oriovisto apresenta números de um estudo segundo o qual, entre 2012 e 2016, o STF teria tomado 883 decisões cautelares monocráticas, em média, 80 decisões por ministro. O mesmo estudo indica que o julgamento final dessas decisões levou em média, entre 2007 e 2016, dois anos. Para o autor da PEC, este grande número de decisões monocráticas acaba antecipando decisões finais e gerando insegurança jurídica.

Após a aprovação no Senado, a PEC segue para análise da Câmara dos Deputados, onde será discutida e votada pelos parlamentares.

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