O estudo, intitulado Pesquisa Nacional de Violência contra a Mulher Negra, entrevistou quase 14 mil mulheres autodeclaradas pretas ou pardas, com mais de 16 anos de idade, durante um período estendido de cinco semanas. O objetivo da pesquisa era analisar as desigualdades estruturais, as vulnerabilidades específicas e os contextos culturais que influenciam as experiências das mulheres pertencentes a diferentes grupos raciais.
Milene Tomoike, psicóloga e pesquisadora do Observatório da Mulher contra a Violência, enfatizou que a dependência econômica e a presença de crianças tornam o ciclo de violência ainda mais desafiador para as mulheres negras. Ela ressaltou que a pesquisa também revelou que a maioria das vítimas não possui renda suficiente para se sustentar e que apenas uma parcela minoritária solicitou medidas protetivas.
A pesquisa não apenas confirma, mas revela detalhes sobre a interseção das questões raciais, de gênero e econômicas que contribuem para a persistência da violência doméstica. Mulheres negras com renda insuficiente demonstraram altas taxas de violência doméstica, com a esmagadora maioria convivendo com seus agressores no ambiente doméstico.
Além disso, a pesquisa mostrou que a busca por ajuda e assistência por parte das vítimas é limitada, com baixos índices de denúncia e procura por medidas protetivas. A falta de conhecimento sobre os direitos, o medo de represálias e a dependência financeira são alguns dos fatores apontados como obstáculos para a busca de apoio.
Diante desses dados alarmantes, é fundamental que políticas públicas efetivas e equitativas sejam implementadas para proteger e apoiar as mulheres negras que enfrentam situações de violência doméstica. A conscientização sobre essas questões e a disseminação de informações sobre os direitos das vítimas são passos essenciais para combater esse grave problema social no Brasil.