SENADO FEDERAL – Inteligência artificial no setor de comunicação social: preocupação com o desemprego e divergências sobre regulação são temas de audiência pública.

O uso da inteligência artificial no setor da comunicação social é um tema que está gerando debates acalorados sobre os impactos que essa tecnologia pode causar no mercado de trabalho. Em uma audiência pública realizada pelo Conselho de Comunicação Social nesta segunda-feira, diversos participantes expressaram preocupações sobre o possível aumento do desemprego e a extinção de diversas funções devido ao avanço da AI.

Um dos participantes, o CEO da produtora audiovisual O2 Filmes, Paulo Barcellos, ressaltou a velocidade impressionante com que essas tecnologias estão evoluindo e os impactos imprevisíveis que elas podem trazer. Segundo ele, a inteligência artificial já está sendo utilizada em sua empresa para tarefas que antes exigiam o trabalho de várias pessoas. Ele explicou como a AI é capaz de analisar roteiros de produções audiovisuais e fornecer relatórios detalhados em questão de segundos. Barcellos também mencionou que novas profissões estão surgindo, como a de pessoas especializadas em descrever para o computador o resultado desejado.

No entanto, membros do Conselho de Comunicação Social mostraram preocupação com a preservação das relações de trabalho e questionaram se o Estado estará preparado para lidar com o aumento do desemprego causado pela AI. A conselheira Sonia Santana destacou a importância de requalificar os profissionais afetados por essa tecnologia, enquanto a conselheira Maria José Braga defendeu a regulação das tecnologias para evitar o aumento da desigualdade.

Outro ponto discutido na audiência foi a questão dos direitos autorais. Andressa Bizutti Andrade, integrante do Conselho de Ética do Conar, destacou a importância do “elemento humano” na criação intelectual e levantou preocupações sobre o uso indevido de criações artificiais.

Diante desses debates, o advogado Ygor Colalto Valerio ressaltou a importância de considerar as evoluções tecnológicas de maneira positiva e tratando eventuais desvios de forma pontual, sem impedir o avanço da inteligência artificial. A CEO da Associação Brasileira de Anunciantes, Sandra Martinelli, questionou a necessidade de uma regulação específica para o setor da comunicação social, apresentando documentos de boas práticas e princípios de autorregulação já existentes.

O uso da inteligência artificial no setor da comunicação social também traz desafios em relação à confiabilidade da informação. Valerio apontou problemas com a democratização da internet, que pulverizou os criadores de conteúdos e tornou o controle das informações divulgadas praticamente inexistente. Além disso, a tecnologia do deep fake também coloca em questão a veracidade das informações transmitidas.

Tanto o Senado como a Câmara dos Deputados estão analisando projetos de lei que buscam regulamentar o uso da inteligência artificial no Brasil. Esses projetos propõem a criação de um marco legal para o desenvolvimento e uso dessa tecnologia, levando em consideração os impactos sociais e econômicos.

Em suma, o uso da inteligência artificial no setor da comunicação social possui vantagens e desafios. Enquanto muitos acreditam que a AI poderá trazer benefícios e novas oportunidades de trabalho, outros expressam preocupações sobre o aumento do desemprego e a perda de funções. O debate sobre a regulamentação dessas tecnologias é fundamental para garantir seu uso adequado e equilibrado, levando em consideração os direitos dos trabalhadores e a confiabilidade da informação.

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