Durante a sua exposição, Humberto Costa reforçou que o momento exige medidas efetivas e que uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) sobre os descontos indesejados seria, em sua visão, desnecessária. Ele argumentou que as instituições federais envolvidas, como a Polícia Federal e a Controladoria-Geral da União, estão ativamente empenhadas na investigação do esquema criminoso.
O senador destacou a execução da maior operação do ano que resultou na desarticulação do esquema fraudulento. Ele informou que os aproximadamente R$ 300 milhões que foram indevidamente retirados dos aposentados em abril serão restituídos na folha de pagamentos de maio. Além disso, a Advocacia-Geral da União está tomando medidas rigorosas, incluindo o bloqueio de bens das associações implicadas, a quebra de sigilos bancários e a apreensão de passaportes dos envolvidos, visando evitar possíveis fugas.
Costa relacionou os descontos indevidos ao afrouxamento dos controles administrativos que ocorreram na administração anterior e mencionou que profissionais que trouxeram à tona essas irregularidades enfrentaram perseguições e ameaças. Ele considera que a criação de uma CPI poderia se transformar em um mero instrumento de disputa política, servindo apenas para gerar impactos nas redes sociais, sem realmente contribuir para o avanço das investigações.
De maneira provocativa, o senador acusou a extrema direita de aproveitar a situação para desviar o foco do julgamento de Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF). Ele expressou confiança de que, caso a CPI seja instaurada, os aliados do governo estarão prontos para expor aqueles que tentarem utilizar o tema para fins moralistas, em defesa da seriedade das instituições.
Em um contexto de crescente polarização política, os comentários de Humberto Costa também suscitaram reações de outros senadores. O senador Eduardo Girão (Novo-CE) mencionou a cobertura da mídia sobre o escândalo do INSS e questionou as razões por trás da demissão do ministro da Previdência, Carlos Lupi. Por sua vez, o senador Jorge Kajuru (PSB-GO) insinuou que Bolsonaro tinha intenções de controlar a Polícia Federal em benefício pessoal.
O debate sobre as fraudes no INSS continua, e as implicações políticas e sociais da questão permanecem no centro das atenções do público e da imprensa, sinalizando um cenário delicado para o governo e para a relação entre os poderes.