A convocação do ex-ministro foi alvo de aproximadamente 100 requerimentos. Inicialmente, a CPMI chegou a rejeitar o depoimento de Dias. Entretanto, em junho, um acordo possibilitou a aprovação dos pedidos. Entre os senadores que assinaram os requerimentos estão Sergio Moro (União-PR), Magno Malta (PL-ES) e Izalci Lucas (PSDB-DF).
O depoimento do general G. Dias é considerado pelos parlamentares de oposição como uma peça fundamental para esclarecer as medidas adotadas e o desdobramento das investigações conduzidas pelo governo federal. Segundo o senador Moro, o depoimento pode ajudar a esclarecer a ordem dada pelo ex-ministro para a adulteração dos alertas enviados pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin) a respeito dos ataques de 8 de Janeiro.
De acordo com o jornal Folha de S.Paulo, foi o general Gonçalves Dias quem ordenou a modificação dos alertas no relatório da Abin entregue ao Congresso Nacional. Supostamente, teriam sido suprimidos 11 alertas de mensagens que indicavam as ameaças existentes. Além disso, vídeos veiculados pela rede de TV CNN mostraram a presença do ex-ministro no Palácio do Planalto durante a invasão do prédio da sede.
Os parlamentares também questionam o fato de que o Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República não ter mobilizado um grupo de militares preparados para controlar possíveis distúrbios civis. Segundo o senador Izalci Lucas, a guarnição de serviço no Palácio já estava reforçada, porém o efetivo não foi revelado. Apenas após o início dos ataques foi solicitado um reforço. O GSI afirmou que a guarda presidencial estava no local, mas o restante do efetivo estava a alguns quilômetros de distância e demoraria aproximadamente 30 minutos para chegar.
Em depoimento na CPI da Assembleia Legislativa do Distrito Federal, que também investiga os ataques antidemocráticos, Gonçalves Dias negou qualquer conivência com os invasores do Palácio do Planalto. Ele também negou ter adulterado os relatórios da Abin enviados ao Congresso Nacional, Ministério Público Federal e Ministério Público Militar.
A oitiva do ex-ministro é aguardada com expectativa pelos parlamentares de oposição, que esperam obter mais informações sobre os acontecimentos de 8 de Janeiro e possíveis irregularidades nas ações do governo federal. O depoimento de Gonçalves Dias pode ser crucial para esclarecer os fatos e apontar eventuais responsabilidades.