Os parlamentares presentes na CPMI destacaram que o modus operandi do esquema em questão é similar ao de investigações anteriores realizadas pela polícia, caracterizando a criação de empresas de fachada para movimentar recursos ilícitos e simular contratos de prestação de serviços. O senador Izalci Lucas (PL-DF) resumiu o funcionamento do esquema ao afirmar que as ações não favoreceram os aposentados, mas sim beneficiaram diretamente os envolvidos, especialmente “Careca”.
Durante seu depoimento, Guimarães foi questionado sobre essa relação financeira e sobre a criação da empresa que recebia valores do grupo investigado. Ele defendeu a Vênus como um empreendimento voltado para educação financeira, alegando que os pagamentos eram referentes a serviços prestados a Brasília Consultoria, seu único cliente, e que existiam registros de 336 serviços prestados.
O ex-diretor também declarou ter sido indicado por “Careca” para que Rubens Oliveira Costa, suposto operador financeiro do esquema, auxiliasse na abertura da Vênus. Tal revelação gerou desconfiança entre os membros da CPMI. O relator, Alfredo Gaspar, ressaltou as dúvidas sobre a autenticidade da defesa de Guimarães, insinuando que o seu vínculo com figuras centrais do esquema denota um envolvimento mais profundo.
Apesar das insistências de alguns parlamentares, Guimarães insistiu que suas atividades foram legais e devidamente documentadas. A senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS) observou com ceticismo o crescimento patrimonial de Guimarães e suas relações com o “Careca do INSS”, afirmando que ele se encontra no centro de uma engrenagem corrupta que se infiltrou no INSS.
Guimarães revelou que conheceu “Careca” em 2021, durante sua gestão no INSS, em um encontro casual, mas alegou desconhecer suas atividades fraudulentas até a operação da Polícia Federal. Ele também ressaltou que não teve influência sobre a área de benefícios do INSS, focando apenas na governança administrativa.
Além disso, Guimarães mencionou que sua nomeação para o INSS foi resultado de uma busca pessoal por novas oportunidades, sem envolvimentos diretos com políticos, embora sua trajetória tenha levantado suspeitas sobre possíveis indicações políticas. O relator questionou a coincidência dos dois convites ocorrendo sob diretrizes do mesmo partido, enfatizando a necessidade de se enfrentar a participação política irregular.
A CPMI prossegue com a investigação de um esquema que, segundo as autoridades, causou um prejuízo de mais de R$ 6 bilhões aos cofres públicos. A comissão se compromete a continuar buscando a verdade e a responsabilização dos envolvidos nas fraudes que afetaram centenas de milhares de aposentados e pensionistas brasileiros.









