SENADO FEDERAL – Ex-ministro Carlos Lupi nega irregularidades em depoimento à CPMI e afirma que não tinha conhecimento das fraudes no INSS durante sua gestão.

Na manhã desta segunda-feira, 9 de outubro, o ex-ministro da Previdência, Carlos Lupi, compareceu à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) para prestar esclarecimentos sobre seu envolvimento nas investigações relativas a fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Durante seu depoimento, Lupi negou categoricamente qualquer participação em irregularidades e assegurou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não tinha conhecimento sobre as fraudes.

O ex-ministro, que comandou a pasta de janeiro de 2023 até o início de maio de 2025, destacou que, apesar de especulações sobre sua omissão, ele não teve conhecimento das dimensões das fraudes até a intensificação das investigações realizadas pela Polícia Federal. Segundo Lupi, as denúncias anteriores foram arquivadas devido à falta de provas substanciais.

Ele admitiu ter indicado algumas pessoas para cargos ligados ao INSS, como Adroaldo da Cunha Portal, ex-secretário do Regime Geral de Previdência, no entanto, frisou que a responsabilidade pelos desvios competia à autarquia, cuja autonomia em decisões é incontestável. “Errar é humano; má-fé eu nunca tive. Acobertar desvios, nunca fiz na minha vida”, defendeu Lupi.

Além disso, o ex-ministro foi questionado sobre a eficácia da atuação do ministério diante das denúncias de fraudadores, e alegou que medidas foram sim implementadas a partir de maio de 2023, quando uma reunião entre a PF e o INSS foi realizada. Lupi explicou que as informações que levaram a essa ação foram fornecidas pela Ouvidoria do ministério, descrevendo a operação como um esquema criminoso externo, distanciado do uso de recursos públicos.

Lupi também comentou sobre sua saída do cargo, justificando que não se deu por questões éticas ou legais, mas sim pela pressão política que a sua permanência provocou em meio a um cenário de intensa repercussão negativa. Ele reafirmou não estar sob investigação ou ser citado em relação aos desdobramentos das fraudes.

O depoimento ocorreu em meio a uma investigação de um esquema que, segundo a Polícia Federal, aplicou descontos indevidos em benefícios do INSS desde 2019, com um montante estimado em R$ 6,4 bilhões. Lupi, por isso, foi confrontado sobre seu conhecimento acerca do lobista conhecido como “Careca do INSS”, ao que respondeu não ter qualquer relação ou reconhecimento prévio com essa figura.

As declarações do ex-ministro agora fazem parte de um processo que busca esclarecer as responsabilidades em um dos maiores escândalos envolvendo o sistema previdenciário brasileiro, cujas repercussões continuam a impactar a política do país.

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