Durante a audiência, foram apresentadas experiências de outros países que podem servir de referência. A senadora Leila Barros enfatizou a necessidade de priorizar o esporte de base como uma ferramenta essencial para a construção da cidadania e inclusão social. “É hora de pensar no esporte como uma prioridade, com políticas justas e sustentáveis”, afirmou a parlamentar, acrescentando que ainda ocorrerá um quinto painel na sequência das audiências.
O professor Jorge Knijnik, da Western Sydney University, compartilhou insights sobre o modelo esportivo da Austrália, que está em evolução desde o lançamento de um plano governamental em 2018. Este plano tem como metas aumentar a participação popular, garantir a integridade no esporte e apoiar iniciativas de alto rendimento, mas ele se mostrou preocupado com a crescente dificuldade de acesso ao esporte comunitário devido aos custos elevados.
Em contrapartida, o professor Billy Graeff Bastos, da Universidade Federal da Paraíba, indicou que os programas desportivos voltados para crianças e adolescentes devem ser direcionados principalmente à educação, saúde e desenvolvimento social, ressaltando que o esporte deve ser visto como uma prática social, especialmente em áreas com pouca assistência estatal.
A consultora esportiva Carine Collet trouxe à tona a importância de considerar onde e para quem são oferecidas as atividades esportivas, uma vez que existem barreiras ao acesso para determinados grupos, como meninas e crianças negras. Ela sublinhou que a formação esportiva deve ser encarada como um processo contínuo e que o esporte pode ser um veículo para inclusão social.
O professor Martin Camiré, da University of Ottawa, também participou dodebate, ressaltando a importância do programa Esportes Canadá, que fornece apoio a diversas iniciativas esportivas no país. Segundo Camiré, a prioridade de seu programa é o desenvolvimento da cidadania, visando não apenas a profissionalização de jovens atletas, mas também a inclusão e o respeito dentro da comunidade. Ele destacou que o foco está em criar um sistema esportivo acessível e que promova valores como o fair play e a educação, elementos essenciais para cultivar uma cultura esportiva saudável e participativa.
Além disso, a Comissão de Esporte aprovou também um requerimento para promover uma audiência pública que debaterá as avaliações sobre a execução e o impacto do Programa Segundo Tempo, uma política pública de destaque no cenário esportivo brasileiro. A senadora Teresa Leitão (PT-PE), responsável pelo requerimento, enfatizou a relevância desse programa ao longo das últimas décadas e a necessidade de ouvir gestores para entender as estratégias implementadas para expandir tanto a acessibilidade quanto a qualidade pedagógica das atividades nos núcleos esportivos.
Essas discussões são fundamentais para traçar um panorama mais amplo sobre a formação esportiva no Brasil, buscando não apenas aperfeiçoar a qualidade das práticas esportivas, mas também integrar valores sociais que promovam a cidadania e o desenvolvimento humano. O sucesso dessas iniciativas poderá determinar um futuro mais inclusivo e saudável para as crianças e jovens brasileiros, criando um ambiente onde o esporte adapte-se como um elemento essencial da vida em comunidade. O diálogo entre especialistas e legisladores é um passo importante nesse sentido, evidenciando a capacidade do esporte de unir e transformar realidades sociais.