SENADO FEDERAL – Empresário Argino Bedin exerce direito ao silêncio em depoimento à CPMI do 8 de Janeiro

O empresário Argino Bedin compareceu nesta terça-feira (3) à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro, mas exerceu seu direito de não responder às perguntas, amparado por um habeas corpus concedido pelo Supremo Tribunal Federal (STF). A relatora da CPMI, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), associou Bedin ao envio de caminhões a Brasília e ao financiamento de movimentos antidemocráticos.

Eliziane Gama iniciou seu discurso afirmando que Bedin estava na reunião como um “militante político do bolsonarismo”, segundo investigações judiciais e da CPMI, e não como representante do agronegócio. A relatora questionou Bedin sobre um relatório da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), que citava nomes de empresários que investiram e financiaram os atos de 8 de janeiro, como o bloqueio de rodovias e o envio de comboios para a capital federal.

De acordo com o relatório, 272 caminhões foram direcionados a Brasília, sendo que 72 deles eram provenientes da cidade de Sorriso (MT), onde Bedin é sojicultor. A senadora ressaltou que 5 desses veículos pertenciam ao empresário e outros 11 eram de seus familiares.

Eliziane Gama destacou a gravidade dos atos ocorridos após as eleições de 2022, como fechamento de rodovias e tentativas de derrubar torres de transmissão. Ela ressaltou que essas ações violam o direito constitucional de ir e vir, causando prejuízos econômicos, humanitários e de defesa das pessoas.

A relatora solicitou a exibição de vídeos que mostravam a obstrução do trânsito, citando um caso em que uma família teve sua viagem interrompida quando se dirigia a uma cirurgia. Eliziane enfatizou que impedir o trânsito de ambulâncias e pessoas em situações graves de saúde é um ato desumano e criminoso.

Eliziane também relatou alertas feitos pela Abin em 2022, como o encaminhamento de 180 caminhões de Sorriso para Brasília em 5 de novembro e a tentativa de explosão da BR-174 em Comodoro (MT) em 19 de novembro. A senadora apontou a associação de empresários com movimentos como o Brasil Verde e Amarelo e com entidades representativas do setor rural, como a Aprosoja, que teve R$ 20 milhões bloqueados pelo STF.

A senadora também mencionou o perfil dos financiadores e apoiadores do ex-presidente Bolsonaro, entre eles o empresário Bedin, que possui um arsenal de armas. Eliziane citou um relatório de inteligência financeira que apontou transferências de R$ 4 milhões do grupo Bedin para o grupo BMP Participações, ligado ao PL.

Bedin é proprietário de 13 fazendas e possui um patrimônio multimilionário, sendo considerado uma das pessoas mais ricas do Brasil. Aos 73 anos, o empresário está sendo investigado por envolvimento em atos antidemocráticos.

Essas são as informações mais recentes sobre o depoimento do empresário Argino Bedin à CPMI do 8 de Janeiro.

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