SENADO FEDERAL – “Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência: Regulamentação da Avaliação Biopsicossocial é Destacada como Prioridade para Acesso às Políticas Públicas”

No dia 22 de setembro, ativistas, senadores e especialistas se reuniram para celebrar o Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência em uma sessão especial no Plenário do Senado Federal. Esta data, que ocorre anualmente em 21 de setembro, foi criada por meio de um projeto de lei em 2003, apresentado pelo senador Paulo Paim (PT-RS). O intuito era refletir sobre os desafios persistentes que a população com deficiência ainda enfrenta no Brasil.

Um dos temas centrais abordados foi a necessidade de regulamentação da avaliação biopsicossocial, uma ferramenta essencial para garantir o acesso das pessoas com deficiência às políticas públicas. Paim, como presidente da sessão, enfatizou que a unificação dessa avaliação é crucial para o avanço das políticas que impactam cerca de 30 áreas diferentes. Ele sublinhou que, embora a implementação possa gerar preocupações econômicas, é um investimento necessário para a inclusão social.

A Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência, sancionada em 2015, já pressupõe que essa avaliação deve ocorrer de forma biopsicossocial, realizada por equipes multidisciplinares. Contudo, a implementação efetiva dessa norma enfrenta desafios significativos, incluindo o entrave de uma cultura que ainda persiste em visualizar a deficiência por uma lente puramente médica.

A recente criação da Avaliação Biopsicossocial Unificada da Deficiência é uma tentativa do governo de estabelecer um processo que incorpore não apenas aspectos médicos, mas também psicológicos e sociais. Isso visa simplificar o acesso às políticas públicas e reduzir a burocracia, além de promover uma visão mais abrangente sobre o que significa ter uma deficiência. No entanto, essa proposta ainda se depara com a resistência de práticas arraigadas que tendem a manter a classificação médica tradicional da deficiência.

Os participantes da sessão também destacaram as desigualdades geradas pela judicialização de casos relacionados à deficiência e pela fragmentação de legislações que reconhecem patologias específicas como deficiência. Essa abordagem, segundo os especialistas, compromete a dignidade e a inclusão social das pessoas com deficiência, tornando a luta por direitos uma batalha diária.

O Censo Demográfico de 2022 revelou que aproximadamente 14,4 milhões de brasileiros têm algum tipo de deficiência, representando 7,3% da população maior de dois anos. Neste contexto, a secretária nacional dos Direitos das Pessoas com Deficiência, Anna Paula Feminella, apontou a “dívida histórica” do Estado em não desenvolver políticas que promovam a inclusão e acessibilidade.

Experts e ativistas alertaram sobre a importância de reconhecer a singularidade das barreiras enfrentadas por cada indivíduo, destacando que a deficiência não deve ser vista como uma condição de inferioridade, mas como um aspecto da diversidade humana. Eles afirmaram que é vital que as políticas se baseiem em uma abordagem de direitos humanos, evitando a exclusão.

No campo do emprego, a representante do Ministério do Trabalho destacou que, entre 2009 e 2024, mais de 537 mil pessoas com deficiência foram contratadas. Entretanto, existem ainda aproximadamente 445 mil vagas disponíveis que deveriam ser preenchidas por esse público, evidenciando a necessidade de intensificar esforços para garantir igualdade de oportunidades no mercado de trabalho.

As vozes que se ergueram durante esta sessão especial reafirmaram que a luta por igualdade e inclusão deve ser constante. Com um chamado à ação, representantes e ativistas concordaram que a transformação social depende de um compromisso coletivo e incessante em derrubar as barreiras que ainda persistem.

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