SENADO FEDERAL – CPMI do INSS Ouve Advogada em Caso de Lavagem de Dinheiro; Cecília Mota Preserva Silêncio em Questões Cruciais Sobre Movimentações Milionárias e Relações Suspeitas.

Em um dia marcado por intensas revelações, a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) ouviu nesta terça-feira (18) a advogada Cecília Rodrigues Mota, figura central em investigações relacionadas à Operação Sem Desconto. Ex-presidente da Associação dos Aposentados e Pensionistas Nacional (Aapen) e da Associação dos Aposentados e Pensionistas do Brasil (AAPB), Cecília admitiu conhecer figuras mencionadas nas apurações, além de ser proprietária de empresas suspeitas de envolvimento em lavagem de dinheiro.

Durante seu depoimento, a advogada, amparada por um habeas corpus concedido pelo ministro Flávio Dino do Supremo Tribunal Federal, optou inicialmente pelo silêncio, alegando o desejo de não comprometer investigações em curso. No entanto, ao ser questionada pelo relator da CPMI, deputado federal Alfredo Gaspar (União-AL), Cecília acabou respondendo a algumas indagações. Em sua defesa, ela criticou a cobertura da mídia sobre o caso e sustentou que sua renda provém exclusivamente de sua atuação como advogada.

Gaspar questionou as atividades de Cecília enquanto esteve à frente da AAPB e da Aapen, ressaltando que a ABSP, nome anterior da Aapen, havia sido descredenciada após investigações do INSS. Durante a audiência, ele também trouxe à tona transferências milionárias que Cecília realizou para Eric Fidelis, filho de um ex-diretor do INSS, o que levou a advogada a permanecer em silêncio sobre os detalhes dessas transações.

Além disso, Cecília evitou comentar sobre movimentações financeiras vinculadas a outros investigados e defendeu que sua relação com figuras do INSS era meramente institucional. Ao ser confrontada com os dados financeiros associados a suas empresas e investimentos em veículos de luxo, a advogada atribuiu a evolução patrimonial ao trabalho legal que realiza.

Os membros da CPMI não mostraram-se convencidos com os argumentos apresentados. Senadores como Izalci Lucas (PL-DF) levantaram questões sobre possíveis conflitos de interesse, enquanto outros, como Sergio Moro (União-PR), foram contundentes, acusando-a de corrupção e de repasses questionáveis. Ao final do depoimento, Cecília reiterou sua intenção de esclarecer sua posição e enfatizou a necessidade de que a CPMI tenha acesso aos documentos que possam comprovar sua inocência.

O presidente da comissão, senador Carlos Viana (Podemos-MG), reforçou a proposta de suspender a cobrança de empréstimos consignados de aposentados e pensionistas, apresentando isso como um passo necessário para apoiar as vítimas das fraudes identificadas. A audiência trouxe à tona um complexo emaranhado de relações e transações, revelando a urgência da CPMI em desvendar os esquemas em curso que afetam a vida de milhões de brasileiros.

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