SENADO FEDERAL –

CPMI do INSS Investiga Fraudes Milionárias e Pede Prisão de Suspeitos Envolvidos no Esquema Criminoso

Na manhã desta segunda-feira (1º), a CPMI do INSS teve uma sessão marcante com a oitiva do advogado Eli Cohen, que apresentou um relato detalhado sobre um esquema de fraudes que afeta aposentados e pensionistas brasileiros. Durante as primeiras três horas de depoimento, Cohen desnudou um intrincado sistema de débitos não autorizados, orchestrados por sindicatos e associações que, segundo ele, muitas vezes são de fachada.

Em resposta às revelações alarmantes de Cohen, o relator da CPMI, deputado Alfredo Gaspar, manifestou sua indignação e solicitou medidas drásticas, incluindo o envio de um pedido ao Ministério da Justiça e ao Supremo Tribunal Federal (STF) para a prisão preventiva dos indivíduos mencionados em seu depoimento. “Nós temos indícios suficientes de autoria e materialidade dos crimes. Estes são os personagens principais de uma organização criminosa”, destacou Gaspar.

O presidente da CPMI, senador Carlos Viana, endossou a necessidade de ações imediatas, cobrando não apenas a prisão dos envolvidos, mas também o bloqueio dos bens das entidades suspeitas. Viana expressou sua frustração ao constatar que, mesmo com evidências substanciais do esquema fraudulento, os culpados ainda não enfrentavam consequências legais. “Já passou da hora de pedirmos à Justiça que coloque na cadeia os principais envolvidos”, afirmou.

Cohen revelou que as fraudes datam de 2005 e, a pedido de Viana, expôs os nomes dos supostos coordenadores do esquema, incluindo o empresário Maurício Camisotti e o lobista Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “careca do INSS”. Ele alertou sobre a existência de empresas e entidades que teriam colaborado em práticas irregulares, também mencionando a participação de deputados federais em eventos promovidos pelo grupo empresarial Total Health, ligado a Camisotti.

Além disso, o advogado relatou que já havia comunicado o esquema às autoridades policiais em abril de 2023 e que, posteriormente, forneceu informações à mídia, contribuindo para o alarde sobre o escândalo. Durante seu depoimento, Cohen expressou que, embora tenha suas suspeitas sobre o possível suporte político das fraudes, não possui provas concretas.

Cohen revelou que a Associação dos Aposentados Mutualistas para Benefícios Coletivos (Ambec), que ele identificou como uma das principais entidades envolvidas no esquema, contava com mais de 500 mil associados e arrecadava cerca de R$ 20 milhões mensalmente através de descontos fraudulentos nos benefícios do INSS. Estimativas indicam que o movimento financeiro das associações envolvidas poderia somar perto de R$ 1 bilhão, afetando quase um milhão de brasileiros.

Por conta das ameaças que tem recebido desde que expôs o esquema, Cohen solicitou proteção policial, o que foi prontamente apoiado pelo relator Gaspar. A CPMI, por sua vez, planeja aumentar a frequência de suas reuniões, com o propósito de continuar a apuração das irregularidades e investigar a extensão do envolvimento do “careca do INSS” com as casas legislativas.

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