O senador Izalci Lucas (PL-DF), um dos autores dos requerimentos para convocação, destacou que as organizações de Mota estão sob um pedido de bloqueio de bens que ultrapassa R$ 2,56 bilhões, iniciativa solicitada pela Advocacia-Geral da União (AGU) em razão de graves infrações à Lei Anticorrupção. Para Izalci, ouvir Cecília se torna crucial para entender a estrutura e o funcionamento dessas entidades, que, segundo investigações, teriam desempenhado um papel central em uma série de fraudes que afetaram beneficiários vulneráveis.
Outro ponto de escrutínio na reunião é a possibilidade de que essas associações operem como “fachadas” para a intermediação irregular de benefícios junto ao INSS, uma suspeita levantada pelo presidente da CPMI, senador Carlos Viana (Podemos-MG). Esta preocupação é reforçada pela presença de João Carlos Camargo Júnior, administrador da empresa Mkt Connection Group, que será ouvido no mesmo encontro. O deputado Paulo Pimenta (PT-RS) fez referência a transferências significativas de recursos da entidade Amar Brasil, que está sob investigação por práticas de descontos não autorizados, para a empresa de Camargo. Pimenta notou que a Mkt Connection foi criada apenas um mês após a assinatura de um acordo de cooperação técnica com o INSS.
Além disso, o deputado Evair Vieira de Melo (PP-ES) levantou preocupações sobre indícios de lavagem de capitais e ocultação de bens, sugerindo que há um esquema mais amplo em ação, envolvendo o uso de pessoas jurídicas para disfarçar a origem de recursos ilícitos. A audiência da CPMI coloca-se como um divisor de águas para desvendar uma trama que pode ter impactado milhares de pessoas em situação vulnerável. O desdobramento dessas investigações poderá trazer à luz não apenas os responsáveis, mas também importantes medidas para evitar que casos semelhantes ocorram no futuro.
