A relatora da CPMI, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), defende a convocação dos últimos comandantes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica durante a gestão do então presidente Jair Bolsonaro. A intenção é ouvi-los a respeito de uma reunião realizada em novembro de 2022, na qual teria sido discutida a possibilidade de um golpe de Estado para impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Por sua vez, o presidente do colegiado, deputado Arthur Maia (União-BA), condicionou a votação de novos requerimentos propostos pelos governistas à apreciação de um pedido de convocação feito pela minoria. A oposição deseja ouvir um representante da Força Nacional de Segurança Pública (FNSP), que não agiu para impedir os atos ocorridos no dia 8 de janeiro, mesmo possuindo homens de prontidão em frente ao Ministério da Justiça.
Maia afirmou que é uma questão de justiça, pois foram chamados os representantes do Exército e da Polícia Militar do Distrito Federal, e não seria razoável que a Força Nacional, terceira força envolvida nos eventos do dia 8 de janeiro, não comparecesse à CPMI, conforme desejo da minoria.
Atualmente, a CPMI tem 24 requerimentos pendentes de votação para a convocação de representantes da FNSP, como José Américo de Souza Gaia, diretor-geral na época dos ataques, Ivair Matos Santos, diretor-substituto em 8 de janeiro, Sandro Augusto de Sales Queiroz, comandante do Batalhão de Pronto Emprego da FNSP na ocasião dos atos golpistas, e Fernando Alencar Medeiros, atual diretor da corporação.
O senador Sergio Moro (União-PR) defendeu a convocação, destacando que um relatório de inteligência produzido pela FNSP em 5 de janeiro alertou para a possibilidade de atos violentos em Brasília, mas que esse documento jamais foi informado à comissão. Moro também criticou o Ministério da Justiça por reiteradamente esconder informações, afirmando que quatro pelotões da FNSP presenciaram a invasão do Congresso Nacional e do Palácio do Planalto sem tomar nenhuma ação.
Por outro lado, o deputado Rogério Correia (PT-MG) rebateu as acusações, ressaltando que o problema não é a Força Nacional, e sim as diretrizes do Supremo Tribunal Federal, que determinam que o ministro da Justiça, Flávio Dino, só possa utilizar a FNSP com o aval e solicitação do governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, o que não teria ocorrido. Correia defendeu a votação de requerimentos para a quebra de sigilos bancários de Bolsonaro.
A votação dos requerimentos será retomada na próxima quinta-feira, enquanto os debates entre governo e oposição sobre convocações e investigações continuam acalorados na CPMI do 8 de Janeiro. A comissão busca esclarecer os eventos ocorridos naquele dia, considerado por muitos um dos momentos mais marcantes da história recente do país.