O relator da comissão, deputado Alfredo Gaspar, expressou sua insatisfação com o fato de Ferreira ter se recusado a responder diversas perguntas feitas pelos parlamentares, argumentando que tal silêncio poderia, na verdade, fornecer elementos que embasariam um pedido de prisão por falso testemunho. Ferreira compareceu à CPI munido de um habeas corpus que o garantia o direito ao silêncio, mas isso não impediu que os membros da comissão buscassem esclarecimentos sobre sua atuação à frente da CBPA.
A convocação de Lincoln foi resultado de uma série de requerimentos, sendo o primeiro deles apresentado pelo senador Fabiano Contarato. O senador salientou que a CBPA está entre as organizações que tiveram bens bloqueados pela Advocacia-Geral da União por questões relacionadas ao INSS. Outro senador, Izalci Lucas, não hesitou em afirmar que a entidade de que Ferreira é presidente está no centro de uma “arquitetura criminosa”, citando indícios de corrupção e lavagem de dinheiro.
Durante a reunião, Ferreira foi questionado sobre a inexplicável movimentação de grandes quantidades de dinheiro, especialmente considerando que, segundo seus registros, seus ganhos anuais são significativamente inferiores. Os parlamentares também criticaram a rápida expansão do número de filiados à CBPA, apontando um crescimento inexplicável que levantou suspeitas sobre a veracidade dos cadastros.
A tensão aumentou quando os senadores começaram a expor os pagamentos realizados pela CBPA a empresas ligadas a investigados na operação, sem que Ferreira apresentasse justificativas concretas para essas transações. Outros pagamentos foram discutidos, revelando relações nebulosas entre a CBPA e figuras ligadas a escândalos políticos, o que fez com que alguns membros da comissão solicitassem que Ferreira esclarecesse esses vínculos para evitar injustiças com políticos inocentes.
A audiência não apenas revelou a complexidade das investigações em curso, mas também as dificuldades em obter respostas claras de um depoente que, resguardado por suas garantias legais, optou por um silêncio que, para alguns parlamentares, apenas aumentou a desconfiança sobre a integridade da operação e da confederação que ele representa. Com uma CPI que já se esteira em horas de deliberação e análise, o futuro de Ferreira e da CBPA permanece em cheque, enquanto a comissão continua a buscar respostas para um dos maiores escândalos envolvendo fraudes em benefícios previdenciários no país.
