O presidente da CPI, Fabiano Contarato, e o relator, Alessandro Vieira, expressaram sua insatisfação com as informações apresentadas, considerando os dados insuficientes para desenvolver uma política penal eficaz. Morais alertou que as organizações criminosas, como o Comando Vermelho e o Primeiro Comando da Capital, floresceram dentro desse contexto de superlotação, destacando a urgência de se reduzir a população carcerária, uma meta que demandaria aproximadamente R$ 14 bilhões em investimentos.
As discussões também se aprofundaram na questão da reincidência criminal. Parlamentares questionaram a eficácia de iniciativas como o uso de tornozeleiras eletrônicas e a separação de presos conforme as facções a que pertencem. A falta de dados precisos sobre essas estratégias levou Contarato a declarar que um estado que não possui informações adequadas está, de fato, “cego”.
O plano “Pena Justa”, proposto pelo Conselho Nacional de Justiça e apoiado por diversas instituições, foi destacado como uma solução potencial para a crise carcerária, buscando implementar penas alternativas e acelerar o trâmite de processos de presos provisórios. Os senadores ressaltaram que a prisão em massa não apenas exacerba o problema da superlotação, mas também impulsiona a adesão a organizações criminosas.
Enquanto isso, Morais fez um panorama atual do crime organizado no Brasil, indicando a existência de 90 facções, das quais 14 operam em nível regional e duas têm influência internacional. Ele também abordou as condições dos presídios federais, que, desde 2017, restringem visitas íntimas e, desde 2019, eliminam todo o contato físico entre presos e visitantes, apontando que suas estruturas permitem um controle mais eficaz, reduzindo a infiltração de celulares.
Contudo, a CPI enfrentou um revés ao adiar o depoimento do promotor de Justiça Lincoln Gakiya, responsável por investigar o PCC desde o início dos anos 2000. Essa suspensão frustrou as expectativas dos parlamentares que buscavam um maior esclarecimento sobre a atuação das facções criminosas no Brasil. O debate sobre as reformas no sistema carcerário definitivamente continua, refletindo um dos desafios mais urgentes da política nacional contemporânea.









