O relator da matéria, senador Sérgio Petecão (PSD-AC), destacou que a criação deste grupo tem como objetivo fomentar as relações bilaterais, promovendo visitas, seminários, congressos e intercâmbios em áreas diversas, que incluem política, economia, saúde, educação, tecnologia e cultura. A adesão ao grupo será opcional para os senadores interessados.
Na justificativa do projeto, a autora enfatizou o crescimento significativo do comércio bilateral, que atingiu a marca de US$ 12,4 bilhões em 2024. Ela ressaltou a Rússia como um dos principais fornecedores de fertilizantes do agronegócio brasileiro, enquanto o Brasil exporta, em contrapartida, produtos como soja, carne bovina e equipamentos de transporte.
Além do aspecto comercial, a senadora destacou as amplas oportunidades de colaboração científica e tecnológica, com ênfase em projetos voltados a vacinas, medicamentos e transferência de tecnologia, além de esforços conjuntos na área de saúde pública e no combate a doenças infecciosas. O relator da proposta acentuou que a criação do grupo é uma maneira eficaz de reforçar a diplomacia parlamentar e evitar o isolamento nas relações internacionais.
Entretanto, a aprovação do projeto não ocorreu sem contestação. Durante a votação, senadores manifestaram opiniões divergentes. O senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS) votou contra a proposta, argumentando que, diante da atual conjuntura internacional e da guerra da Rússia contra a Ucrânia, a medida seria inadequada. Ele ressaltou que a Rússia não possui um Parlamento democrático, o que, segundo sua perspectiva, inviabiliza um relacionamento com um governo que não condiz com os princípios democráticos defendidos pelo Brasil.
A senadora Tereza Cristina (PP-MS) também expressou reservas em relação ao estabelecimento do grupo, apoiando o voto contrário de Mourão. Por outro lado, o senador Astronauta Marcos Pontes (PL-SP), apesar de seu apoio à proposta, salientou a necessidade de cautela neste momento de tensão internacional, especialmente no que diz respeito à dependência econômica do Brasil em relação à Rússia, especialmente em relação ao óleo diesel.
A proposta agora segue para apreciação do Plenário, onde novos debates devem ocorrer, refletindo as complexidades e nuances da política internacional.