SENADO FEDERAL – Comissão adia votação de projeto que cria mecanismos de proteção à população LGBTQIA+ encarcerada após pedido de vista por senador Moro.

A Comissão de Segurança Pública (CSP) adiou a votação do projeto de lei complementar (PLP) 150/2021, que busca criar mecanismos de proteção à população LGBTQIA+ encarcerada. O adiamento ocorreu após o pedido de vista apresentado pelo senador Sérgio Moro (União-PR) nesta terça-feira (17). O projeto propõe a construção ou adaptação de celas, alas e galerias prisionais específicas para presos com esse perfil, além de destinar parte dos recursos do Fundo Penitenciário Nacional (Funpen) para capacitar os profissionais que trabalham no sistema prisional sobre direitos humanos, igualdade e não discriminação.

O pedido de vista foi feito após o senador Otto Alencar (PSD-BA) concluir a leitura de seu relatório sobre a proposição. Alencar é o relator do texto na Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH), que aprovou o projeto em setembro, e também é responsável pela relatoria do projeto na CSP. O senador manifestou seu voto favorável à proposição, incluindo as emendas já aprovadas na CDH.

Durante a leitura de seu relatório, Otto Alencar reiterou seu apoio ao projeto e ressaltou a importância de tratar de forma diferenciada a parcela mais vulnerável da população carcerária. Segundo o relator, a discriminação contra os LGBTQIA+ tem se acentuado ao longo dos anos, e é necessário garantir um tratamento humano mínimo dentro dos presídios. Alencar também destacou que as medidas propostas pelo PLP 150/2021 estão de acordo com a Lei de Execução Penal, como o programa individualizado de execução da pena e a segregação em local próprio para presos ameaçados em sua integridade física, moral ou psicológica.

O pedido de vista apresentado por Sérgio Moro se deu devido a suas “ponderações” em relação ao projeto. Moro sugeriu aprimoramento na redação do texto e discordou do dispositivo que exige a publicação de um relatório anual sobre as atividades de combate à discriminação motivada por orientação sexual e identidade de gênero nos estabelecimentos prisionais. O ex-ministro da Justiça argumentou que a violência no sistema prisional atinge toda a população carcerária, não apenas os LGBTQIA+, e afirmou que o combate à violência deve abranger todos os grupos minoritários.

O autor do projeto, senador Fabiano Contarato (PT-ES), considerou legítimo o pedido de vista de Moro, mas ressaltou que o texto busca garantir a preservação da dignidade e mitigar os danos sofridos pela população LGBTQIA+ nas prisões brasileiras. Contarato destacou recomendações do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) em defesa da universalidade dos direitos humanos e da integridade física dos detentos.

Durante a discussão, a senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS) discordou dos argumentos de Sérgio Moro e destacou que a população LGBTQIA+ já está em uma condição de vulnerabilidade, que se agrava dentro do sistema prisional. Thronicke defendeu que todos são iguais perante a lei, mas ressaltou que é necessário considerar as desigualdades existentes, especialmente em relação às minorias.

A votação do PLP 150/2021 na CSP será agendada em uma data posterior, ainda a ser definida pelo colegiado. O projeto tem como objetivo garantir o respeito aos direitos e a integridade física, emocional e psicológica da população LGBTQIA+ que está encarcerada.

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