Motta enfatizou que os parlamentos dos países do Brics têm um papel crucial na criação de diretrizes que assegurem que os avanços tecnológicos não reforcem desigualdades ou infrinjam direitos humanos. Ele alertou que a falta de atuação na regulação da IA pode transformar as nações em meros consumidores de tecnologias desenvolvidas sob normas de outros países. Para ele, é vital que exista uma governança tecnológica plural e cooperativa, que resguarde a privacidade, a soberania dos dados e os direitos autorais.
A busca por padrões regulatórios comuns foi um ponto central nas discussões. Mostafa Taheri, da Assembleia Consultiva Islâmica do Irã, destacou que a falta de harmonização legislativa é um entrave à cooperação efetiva e propôs que o Brics se posicione com uma única voz na governança global da IA. Nesse cenário, o vice-presidente da Duma Estatal da Rússia, Alexander Zhukov, anunciou a formação da Aliança Internacional do Brics para Inteligência Artificial, que visa coordenar abordagens nacionais e integrar instituições de diferentes países, já contando com 17 organizações de 14 nações.
Diversos representantes de países como Egito, China, Emirados Árabes Unidos e Índia enfatizaram a dualidade da IA: um propulsor de desenvolvimento e, simultaneamente, uma fonte de riscos, caso não utilize critérios éticos. Mohamed El Sallab, do Egito, afirmou que é essencial desenvolver a IA de forma responsável, respeitando a privacidade e a segurança dos cidadãos. Wang Ke, da China, descreveu a IA como uma força transformadora e sustentou que os parlamentos devem atuar proativamente para garantir seu uso como um bem público.
Sara Falaknaz, a única mulher a se pronunciar durante a sessão, apontou que, se mal regulada, a tecnologia pode intensificar desigualdades. Para ela, realizar o potencial da IA requer inovação, sim, mas também uma responsabilidade acionável; os algoritmos devem ser justos e os dados, protegidos.
A preocupação com a transparência nas aplicações de IA foi reiterada por Ian Pedro Carbonell Karell, da Assembleia Nacional de Cuba, que defendeu que os modelos utilizados em plataformas digitais devem ser auditáveis e reprodutíveis. Ele destacou que a IA não é apenas uma ferramenta técnica, mas um novo campo político e ético que precisa de governança responsável.
O encontro foi encerrado por Om Birla, presidente da Câmara Baixa da Índia, que enfatizou que a própria atividade parlamentar pode se beneficiar da inteligência artificial, aumentando sua eficiência em benefício da sociedade. Ele expressou confiança no papel do Brics como líder em uma transformação global caracterizada pela responsabilidade e pela colaboração entre as nações.