Os debatedores destacaram que a realidade enfrentada por estudantes com deficiência intelectual, visual, surdez, autismo ou altas habilidades exige abordagens pedagógicas adaptadas. Para que a inclusão seja genuína, é imprescindível que haja formação específica para os professores, além de estruturas escolares que respeitem e reconheçam as singularidades de cada aluno. Criticou-se amplamente a visão homogênea da inclusão, a qual se limita a garantir a matrícula de alunos com deficiência, sem considerar seus direitos fundamentais ao aprendizado e desenvolvimento.
Dentre os pontos abordados, o vice-presidente do Movimento Orgulho Autista Brasil, Viviani Guimarães, destacou a importância de implementar planos educacionais individualizados e de capacitar os educadores. Ela enfatizou que a simples presença do aluno em sala não é prova de inclusão, pois muitos enfrentam sérias dificuldades emocionais decorrentes de um ambiente escolar inadequado. A importância de criar um espaço onde a aprendizagem possa ocorrer de forma estruturada foi amplamente debatida.
Mariana de Lima Isaac Leandro Campos, representante da Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos, ressaltou a ainda deficiência na oferta de escolas bilíngues suficientes e na formação de profissionais fluentes em Libras. Para ela, garantir o reconhecimento da Libras como primeira língua é fundamental para que alunos surdos tenham acesso real à educação.
Karolyne Ferreira, da Coalizão Brasileira pela Educação Inclusiva, fez um apelo pela transformação das escolas em ambientes verdadeiramente inclusivos, fundamentados na valorização da diversidade e na eliminação de qualquer forma de exclusão. Ela argumentou que políticas públicas devem assegurar recursos e capacitação para que a inclusão se torne um eixo central da educação.
A discussão também refletiu sobre a formação dos professores, um tema que ainda gera preocupações. A presidente da Associação Brasileira para Ação por Direitos das Pessoas Autistas, Jéssica Borges, trouxe à tona o déficit de capacitação docente em educação especial. Sabendo que apenas uma pequena fração dos educadores conta com uma formação adequada, ela defendeu que a inclusão deve ser uma prioridade central nas políticas educativas.
Finalizando este ciclo de audiências, a senadora Damares Alves enfatizou a importância do diálogo respeitoso para fortalecer a democracia. O reconhecimento das necessidades das famílias e o valor conferido às suas escolhas educativas foram temas recorrentes. A busca por um PNE que não apenas contemple, mas que efetivamente atenda às demandas da nova geração de estudantes com deficiência é vital para a construção de uma sociedade mais justa e inclusiva. Os participantes da audiência deixaram claro que o verdadeiro desafio reside em transformar palavras em ações concretas, buscando sempre garantir os direitos de todos os alunos.