SENADO FEDERAL – “Advogada do Sindnapi é questionada na CPMI sobre R$ 20 milhões recebidos pela família e suspeitas de fraudes em filiações de aposentados”

Na última segunda-feira, 20 de outubro, a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS ouviu a advogada Tonia Andrea Inocentini Galleti, assessora jurídica do Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindnapi). O depoimento revelou questionamentos cruciais, especialmente em relação aos R$ 20 milhões alegadamente recebidos por sua família, que incluem montantes provenientes do próprio sindicato.

O relator da comissão, deputado federal Alfredo Gaspar, destacou que a investigação vincula Tonia e seus familiares a um esquema que desvia recursos por meio de descontos em aposentadorias sem a devida autorização dos beneficiários. Importante lembrar que Tonia não é apenas uma figura central no Sindnapi, mas também filha de João Batista Inocentini, um dos fundadores e ex-presidente da entidade, falecido em 2021.

Durante sua declaração, Tonia garantiu que os valores atribuídos à sua família são referentes a serviços legítimos prestados, desafiando a percepção de ilícitos na dinâmica financeira do sindicado. “Se eu trabalhei 10 a 12 horas por dia, isso não é crime,” argumentou, antes de relembrar as inúmeras procurações coletadas de associados. Tonia também se manifestou sobre o papel da CPMI, alertando que a pressão sobre denunciantes poderia inviabilizar a coragem de pessoas que desejam expor casos de corrupção.

A CPMI também se debruçou sobre a suposta prática de “venda casada” do banco BMG em associação com o Sindnapi, apontando que aposentados teriam sido filiados ao sindicato sem seu consentimento. A advogada defendeu que, embora os números alarmem, havia um protocolo claro que formalizava a filiação, o que complicaria a alegação de que as pessoas estavam sendo enganadas.

O debate girou em torno da rápida ascensão de filiações ao sindicato após 2020, período que coincidiu com a implementação de parcerias com a corretora CMG. O relator, por sua vez, levantou a questão sobre a moralidade dessas transações, que parecem ingratificar uma estrutura destinada a proteger os direitos dos aposentados.

Tonia esclareceu que ela própria, enquanto parte do Conselho Nacional de Previdência Social (CNPS), havia alertado para práticas fraudulentas, apenas para se ver posteriormente envolvida em investigações que levantam dúvidas sobre sua integridade e atuação no Sindnapi. O cenário revela um enredo complicado, onde pessoas denunciantes agora enfrentam investigações sobre suas próprias ações.

Por fim, o presidente da CPMI, senador Carlos Viana, enfatizou a necessidade de esclarecer a natureza das relações no interior do sindicato, alertando sobre o impacto moral que os altos valores recebidos podem ter sobre a percepção pública da entidade. Os questionamentos continuam, e a matéria promete desdobramentos significativos em relação à transparência e à ética na administração de sindicatos que operam com recursos públicos.

A CPMI segue com suas deliberações, enquanto a sociedade observa atentamente as revelações em um contexto onde a confiança nas instituições se torna cada vez mais crucial.

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