A ideia, impulsionada pelo senador Paulo Paim (PT-RS) e apoiada pelo relator Weverton Rocha (PDT-MA), busca ampliar o alcance das ações de destituição, possibilitando que crimes cometidos em mandatos passados sejam levados em consideração. Segundo os defensores da proposta, é incoerente que crimes ocorridos no exercício do mandato sejam “esquecidos” após sua conclusão, especialmente considerando a possibilidade de reeleição.
Outra situação que a proposta pretende abordar é a responsabilização de presidentes por atos cometidos em mandatos não consecutivos, o que poderia incluir o atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Este aspecto é justificado pelo fato de que a reeleição não deve servir como umavarredura para possíveis transgressões.
A discussão resgata um antigo debate que ganhou força em 2015, quando Eduardo Cunha excluiu do pedido de impeachment de Dilma os eventos que ocorreram durante seu mandato anterior, alegando que a punição não poderia ser aplicada a quem não fosse reeleito. Agora, ele defende que a nova legislação poderia justificar a responsabilização por atos do passado.
Além dessas mudanças, o projeto inclui propostas para o rito do impeachment, como a diminuição do prazo para que os presidentes da Câmara e do Senado se manifestem sobre pedidos de impeachment. Inicialmente de 30 dias, o prazo foi reduzido pela metade na minuta do projeto. Caso um pedido seja negado, a nova regra estipula que seria necessário o apoio de dois terços dos parlamentares para reversão, a fim de evitar o uso político desse instrumento.
A proposta tem ganhado destaque após uma recente decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes. Ele limitou a prerrogativa de apresentação de pedidos de impeachment contra ministros do STF, delegando essa responsabilidade exclusivamente ao procurador-geral da República, o que provocou reações no Senado e levou o ministro a reconsiderar sua posição.
Por fim, o texto em debate também prevê que pedidos de impeachment possam ser iniciados por órgãos como a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e por iniciativa popular, esta última exigindo a coleta de pelo menos 1,56 milhão de assinaturas, promovendo assim uma maior clareza nos processos de impeachment.
