A causa das mortes ainda é desconhecida, porém os pesquisadores acreditam que está relacionada às altas temperaturas das águas. A seca extrema na Amazônia tem causado o baixo nível dos rios, dificultando a sobrevivência dos animais aquáticos e afetando também a população humana, que enfrenta problemas de mobilidade e aumento dos preços dos produtos nas cidades.
A situação é agravada pelo fenômeno climático El Niño, que provoca o aquecimento das águas superficiais do Oceano Pacífico na região do Equador. Esse aquecimento interfere nos padrões de circulação das correntes marítimas e das massas de ar, causando consequências distintas ao redor do mundo.
Miriam Marmontel, pesquisadora do Mamirauá, afirma que as altas temperaturas da água no Lago Tefé podem ser um fator determinante para as mortes dos animais. Ela ressalta que a média histórica da temperatura é de 32 graus, mas atualmente foram registrados até 40 graus em uma profundidade de três metros.
Equipes de apoio e resgate de cetáceos vivos estão atuando na região de Tefé, resgatando os animais e os mantendo em uma piscina até que seja concluída a análise dos estudos. Segundo Miriam, se for constatado que há um agente transmissor de doenças, seria arriscado liberar os animais no rio Solimões, pois isso poderia infectar o restante da população.
As mortes dos botos amazônicos no Lago Tefé são consideradas um evento de mortalidade incomum e muito preocupante. O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) irá investigar as causas das mortes, buscando medidas para proteger essas espécies.
A seca na Amazônia já levou 18 municípios do Amazonas a declarar situação de emergência, e outros 37 estão em alerta. Além dos problemas para a população, a seca tem causado restrição de acesso a muitas áreas e aumento do custo de vida.
Miriam Marmontel alerta que esses eventos podem continuar se não houver mudanças nos hábitos da população e no combate ao aquecimento global. Os animais aquáticos são considerados sentinelas da qualidade da água e são os primeiros a sofrerem com mudanças no ambiente, portanto, é preciso estar atento a esses sinais.