SAÚDE – Vacina contra HPV reduz internações e comprova impacto positivo na saúde pública, com queda de até 77% em casos de doenças relacionadas entre jovens.

A introdução da vacina contra o Papilomavírus Humano (HPV) no Sistema Único de Saúde (SUS) em 2014 trouxe resultados significativos na saúde pública brasileira, evidenciando a sua eficácia na redução de internações relacionadas a doenças provocadas pelo vírus. De acordo com um estudo recente, a vacinação teve um impacto notável na diminuição de hospitalizações por verrugas anogenitais e neoplasia intraepitelial cervical, esta última considerada uma condição precursora do câncer de colo do útero.

O estudo analisou dados de hospitalizações de adolescentes e jovens na faixa etária de 15 a 19 anos, comparando as taxas antes e depois da campanha de vacinação. Para meninas, a pesquisa revelou uma diminuição impressionante de 66% nas internações por neoplasia intraepitelial cervical de alto grau e uma redução de 77% nas hospitalizações por verrugas anogenitais entre 2014 e 2019. Em relação aos meninos, que começaram a ser vacinados apenas em 2017, a queda observada foi de 50,9% em internações por verrugas anogenitais quando comparados os anos de 2017 e 2019.

As conclusões desse estudo, que contou com a participação da farmacêutica MSD, foram publicadas na revista “Human Vaccines and Immunotherapeutics”. Cintia Parellada, diretora executiva da MSD e líder do estudo, enfatizou que essa redução na incidência das doenças associadas ao HPV marca um avanço histórico na saúde pública. No entanto, ela reforçou que, para alcançar a eliminação dos cânceres associados ao vírus, é essencial não apenas manter alta a cobertura vacinal, mas também ampliar o rastreamento e garantir tratamento para todos os estágios da doença.

Outra pesquisa desenvolvida pela Fundação Oswaldo Cruz confirmou uma redução de 58% nos casos de câncer de colo do útero atribuídos à vacinação contra o HPV. Vale destacar que o HPV não se limita a causar câncer de colo do útero, sendo responsável também por diversos tipos de câncer, incluindo aqueles que afetam a vulva, vagina, pênis, ânus e orofaringe.

Atualmente, a vacina está disponível gratuitamente para crianças e adolescentes de 9 a 14 anos, além de grupos específicos como pessoas vivendo com HIV, transplantados e indivíduos com câncer. Desde 2024, a estratégia vacinal mudou, passando a ser aplicada em uma única dose, substituindo a abordagem anterior de duas doses. Os dados atualizados de 2024 mostram que a adesão à vacina é de 82,83% entre as meninas e 67% entre os meninos, números que posicionam o Brasil bem acima da média global de 12% indicada pela Organização Mundial da Saúde, embora ainda abaixo da meta desejada de 90% de cobertura vacinal.

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