O relatório chega às vésperas da 25ª Conferência Internacional sobre Aids, que se inicia oficialmente em Munique, na Alemanha. O evento, organizado pela Sociedade Internacional de Aids (IAS), tem como objetivo reunir cerca de 15 mil participantes, incluindo pessoas que vivem, são afetadas ou trabalham com HIV e aids, para compartilhar conhecimentos e informações sobre a resposta à epidemia ao longo dos últimos 40 anos.
As lideranças mundiais, de acordo com o relatório da Unaids, tinham se comprometido a reduzir as novas infecções anuais para menos de 370 mil até 2025. No entanto, só em 2023, foram registradas 1,3 milhões de novas infecções, um número mais de três vezes superior ao alvo estabelecido. Além disso, o relatório aponta que os cortes nos recursos e um aumento na oposição aos direitos humanos colocam em risco o progresso já alcançado até o momento.
Winnie Byanyima, diretora executiva da Unaids, argumenta que é possível atingir a meta de acabar com a aids como uma ameaça à saúde pública até 2030. Para isso, é crucial garantir os recursos necessários para a resposta ao HIV e proteger os direitos humanos de todas as pessoas. “A atuação decidida das lideranças pode salvar milhões de vidas, prevenir milhões de novas infecções por HIV e garantir que todas as pessoas vivendo com HIV possam ter vidas saudáveis e completas”, afirmou.
No que diz respeito ao tratamento, houve significativos avanços. A expansão do acesso ao tratamento antirretroviral reduziu pela metade as mortes relacionadas à aids, passando de 1,3 milhões em 2010 para 630 mil em 2023. No entanto, o mundo ainda está longe de atingir a meta de 2025, que é reduzir as mortes relacionadas à aids para menos de 250 mil.
O relatório da Unaids também destaca que o número de novas infecções por HIV caiu 39% globalmente desde 2010 e 59% na África Oriental e Austral. No entanto, áreas como o Oriente Médio e Norte da África, Europa Oriental e Ásia Central, e América Latina viram um aumento no número de novas infecções.
Interessante também notar que o percentual de pessoas com acesso a tratamento antirretroviral aumentou de 47% em 2010 para 75% em 2023. Este avanço significativo mostra que, embora os desafios sejam grandes, há possibilidades reais de progresso quando há investimento e compromisso.
Representantes do Departamento de HIV, Aids, Tuberculose, Hepatites Virais e Infecções Sexualmente Transmissíveis do Ministério da Saúde do Brasil estarão presentes na conferência para apresentar os resultados das experiências brasileiras na resposta ao HIV, contribuindo para o debate global e compartilhando aprendizados que podem beneficiar outras nações na luta contra essa epidemia.