A detecção do vírus ocorreu por meio de um estudo chamado FrontFever, que utilizou técnicas avançadas para identificar o material genético do agente causador da doença. Tabatinga, que faz parte da tríplice fronteira entre Brasil, Colômbia e Peru, tornou-se foco de atenção médica, especialmente após a recente confirmação dos casos.
O virologista Felipe Gomes Naveca, integrante da equipe do Instituto Leônidas e Maria Deane, explicou que a identificação dos casos foi realizada por meio da tecnologia de PCR em tempo real, uma metodologia desenvolvida pela própria Fiocruz. O procedimento foi seguido por um minucioso sequenciamento genético que validou a presença do vírus em questão.
A encefalite equina venezuelana é uma doença viral causada por um alphavirus que é transmitido por mosquitos. Embora possa afetar tanto humanos quanto equinos, a enfermidade traz consigo o risco de complicações sérias. A inflamação do cérebro gerada pela infecção pode resultar em sequelas variadas, que vão desde problemas motores e cognitivos até mudanças comportamentais e emocionais, impactando significantemente a qualidade de vida do paciente.
Entretanto, o virologista ressalta que a maioria dos casos se apresenta como uma simples febre, sem consequências de maior gravidade. Ele destaca que os achados recentes revelam o vírus como uma possível causa subdiagnosticada de doenças febris agudas na Amazônia brasileira, alertando sobre a necessidade de atenção à saúde na região.
Felipe Gomes Naveca também é chefe do Laboratório de Arbovírus e Vírus Hemorrágicos do Instituto Oswaldo Cruz, envolvido em uma rede de pesquisa que visa decifrar o genoma do Sars-CoV-2, o coronavírus responsável pela Covid-19. Essa rede tem como objetivo fortalecer os esforços do país para o enfrentamento de pandemias, promovendo diagnósticos mais precisos e a criação de vacinas. A situação em Tabatinga reforça a importância de uma vigilância ativa e de pesquisas contínuas em saúde pública na Amazônia e em outras regiões do Brasil.