Marcelo Cruz Rezende, reumatologista e especialista na área, comenta que a doença possui um padrão genético e está frequentemente associada à deficiência de ferro, mesmo quando os níveis de ferro no sangue estão normais. A prevalência em mulheres é atribuída, em parte, ao ciclo menstrual, que pode levar a uma anemia que exacerba os sintomas. Rezende enfatiza que 25% das grávidas também podem sofrer com a síndrome, ressaltando a importância de atender essa condição na população feminina.
Além das características específicas da síndrome, sua origem pode estar ligada a diversas condições médicas, como artrite reumatoide, insuficiência renal, diabetes e doenças neurológicas. A produção de dopamina, neurotransmissor responsável pelo controle do movimento, sofre alterações em pacientes com a SPI, semelhante ao que ocorre na doença de Parkinson. A deficiência de ferro, fundamental para a síntese de dopamina, pode intensificar os sintomas.
Os impactos dessa condição são graves, podendo causar distúrbios significativos no sono e levar a problemas como fadiga diurna, alterações de humor e perda de energia que afetam as tarefas diárias. Rezende alerta que, se os sintomas de alteração do sono interferirem na qualidade de vida, é crucial que o paciente busque orientação médica. Muitas vezes, os profissionais de saúde podem não perguntar diretamente sobre a presença de pernas inquietas, tornando essencial que os pacientes relatem suas experiências.
Embora ainda não exista cura para a síndrome, tratamentos estão disponíveis e devem ser considerados quando os sintomas começam a comprometer a qualidade de vida. O alerta do especialista é claro: “Se atrapalha a vida, a pessoa deve sempre procurar o médico”.
O cenário da SPI foi discutido em profundidade durante o Congresso Brasileiro de Reumatologia, um dos mais importantes eventos da especialidade na América Latina, realizado neste ano em Salvador, na Bahia, promovendo troca de informações e atualizações sobre a condição.